Conheça a trajetória de Moxú em sua transição de carreira para Data Science até a vaga de estagiário na Loft.
Não é preciso fazer uma busca extensa pelo cargo de Cientista de Dados no Linkedin para notar que o perfil de profissionais com essa posição não reflete a diversidade da população brasileira. Enquanto trabalhamos para mudar um cenário ainda desigual e tornar as portas das carreiras em dados mais acessíveis, é sempre um prazer compartilhar as exceções a essa regra.
Esta é a história de Moxú, que compartilha sua transição de carreira para Cientista de Dados. Depois de se formar no Ensino Médio, tentar alguns cursos na faculdade sem se engajar e trabalhar por dois anos como faxineiro, Moxú encontrou em Data Science uma carreira promissora e com o potencial de transformação que ele buscava.
Antes mesmo de completar o curso de Data Science da Tera, conquistou seu primeiro estágio na área e passou a integrar o time de dados da Loft.
Em 2019, o relatório QuemCodaBR da PretaLab em parceria com a Thoughtworks revelou que o cenário brasileiro de profissionais da área de tecnologia é composto majoritariamente por homens, brancos, heterossexuais e de classe média/alta. Em um país que tem 56% de pretos e pardos, ⅓ dos times digitais do Brasil não possui sequer uma pessoa negra.
São dados que trazem um recorte do quanto precisamos evoluir no mercado de tecnologia, ou seja, trazer mais representatividade da diversidade brasileira.
Dairenkon Majime, o Moxú, é a exceção que queremos fazer com que se torne regra. Aos 20 anos, negro, filho de mãe solteira e ex-morador de ocupação, ele tem dado os primeiros e ousados passos na direção de um futuro promissor na área de Data Science - apontada pelo Fórum Econômico Mundial como a primeira na lista de profissões em ascensão para os próximos anos.
O caminho para ingressar em uma área considerada desafiadora e, muitas vezes, pouco acessível, uniu diferentes momentos, pessoas, oportunidades e coincidências, mas começou com um impulso por novas perspectivas.
“Lá pelos 18 anos eu decidi que eu tinha que me sustentar. Minha mãe não tinha condições de me manter, e na época a gente morava em uma ocupação no centro de Belo Horizonte. Comecei a procurar emprego e fui ser servente escolar em uma instituição aqui em Minas Gerais. Até meados de agosto de 2020 não tinha nada que eu poderia falar "nossa, quero trabalhar com isso, fazer isso na vida". Foi nesse período que eu fiz uma promessa para mim mesmo de que antes de a pandemia acabar eu não seria mais faxineiro. Eu ia arrumar alguma coisa, um estágio em tecnologia, ou algo que fosse realmente desafiador para mim.”
Mas a Ciência de Dados não foi a primeira opção de carreira. Antes, Moxú passou por faculdades de Administração e Análise e Desenvolvimento de Sistemas, sem encontrar algo que instigasse ou oferecesse as perspectivas de futuro que ele ansiava. Por fim, a Engenharia de Dados acabou surgindo como uma possibilidade interessante.
Não sei de onde veio essa vontade de estudar sobre Engenharia de Dados, mas eu comecei a me interessar e por conta disso fiquei sabendo de Ciência de Dados. Inicialmente eu disse pra mim mesmo que não queria Ciência de Dados por conta da matemática e eu não fiz administração por causa de matemática. Eu precisava de algo que me impulsionasse no aprendizado, porque por conta própria eu não conseguiria ter um estudo mais linear e concentrado. Por isso eu decidi que precisava de um bootcamp.
Eu comecei o curso de Ciência de Dados pensando em me inserir nesse mercado e depois seguir para Engenharia de Dados. Mas acabou que eu comecei a me apaixonar pela área de dados num geral e pela área de Ciência de Dados em particular.
Moxú explica que seu maior receio era precisar abrir mão do período de desenvolvimento ou precisar escolher entre se manter como faxineiro e aceitar uma oportunidade de emprego na área, mas que não suprisse as necessidades para se manter com a companheira.
O dilema de ficar “entre a subsistência e a transição de carreira”, que faz com que tantas pessoas não consigam alcançar novos espaços de trabalho, tem guiado Moxú para uma jornada de facilitação de outras jornadas.
Quero que outras pessoas passem por isso da forma mais fácil e construtiva possível, e sem a dúvida de "mudo ou não a minha vida agora?". Sei que pra mim não foi uma questão só de esforço, não é uma questão de meritocracia. Foi muito mais uma questão de pessoas que me proporcionaram essa mudança. Sei que muita gente provavelmente se esforçou muito mais do que eu e em um período muito mais longo de tempo, e mesmo assim não conseguiu, e não quer estar onde está agora.
Principalmente na área de tecnologia, em que as portas ainda parecem resistentes para uma parcela considerável da população, percebemos a potência de ações afirmativas e intencionais de facilitação dessas novas jornadas.
Moxú tem um perfil inconformado. Engajado com causas políticas e com uma maturidade muito bem desenvolvida, ele diz ter “virado a chavinha” para a forma como encarava os desafios. Se antes preferia evitá-los, começou a abraçar até mesmo os mais difíceis e começar a usá-los para ajudar outras pessoas.
Além disso, ao perceber como a presença de facilitadores era essencial para a evolução, desenvolver essa habilidade se tornou um alvo pessoal, fazendo com que ele transformasse os conhecimentos adquiridos em artigo para iniciantes na área. Um deles, sobre teste de hipóteses, um aprendizado desafiador que ele fez questão de traduzir para as próximas pessoas que entrarem pelas portas da Ciência de Dados.
Acabou virando essa chave na minha cabeça de que esses desafios, principalmente de matemática, era uma coisa que eu não tinha mais como contornar. Eu tinha que superar os meus conhecimentos, então até juntamente com esse com o curso eu comecei a estudar estatística mais a fundo, até escrevi um artigo sobre teste de hipóteses, que é uma coisa que tava me dando muita dificuldade.
No desenvolvimento do projeto de curso, ele abraçou mais um entre muitos desafios da rotina em que se encontrava, conciliando faculdade, trabalho e bootcamp: desenvolver com seu grupo um detector de fake news sobre a Covid-19, usando tecnologias robustas que exigiram pesquisas e estudos para além do curso.
No meu projeto, foi um grande desafio termos o tema de detector de fake news, em que a gente tinha consciência de que as ferramentas que a gente teria que utilizar para terminar o projeto iam além do curso, como por exemplo processamento de linguagem natural. Mesmo com todo o desafio e muitas horas sem saber o que fazer, foi uma das melhores experiências que eu tive.
O projeto final, além de ter virado também um artigo que mostra o complexo processo de desenvolvimento, se tornou um aplicativo disponível para uso online: o Veritas.
Mais do que começar a carreira contratado por uma grande empresa, entregar um projeto robusto no fim do curso ou montar um portfólio que chamou a atenção de recrutadores ao longo de entrevistas, Moxú conta que o desenvolvimento pessoal no período é algo que vai ser levado para a vida.
Eu entrei como faxineiro no curso, saí como estagiário Ciência de Dados, consegui cumprir a promessa que eu tinha feito para mim mesmo de entrar para a área de tecnologia antes da pandemia acabar. Isso tudo mudou não só a minha vida profissional, mas mudou meu caráter também, o modo como eu enxergo os problemas e desafios. Tudo ficou mais interessante.
Mesmo no início de carreira, Moxú já mostrou que compartilha da missão de usar a tecnologia e a educação para a transformação da sociedade.
Eu sempre tive a expectativa de tornar a jornada das pessoas o menos parecida com a minha, principalmente fazendo com que elas se sintam incluídas, realmente aprendam, consigam fazer uma transição de carreira ou mesmo construam a própria carreira, como foi o meu caso.
Os desafios enfrentados com o período intensivo estudando Data Science e a dedicação no projeto foi recompensada com a oportunidade que Moxú estava esperando para fazer uma transição de carreira com confiança. A bagagem que ele conseguiu adquirir e a maturidade na área desenvolvida em tão pouco tempo foram, inclusive, fatores decisivos para conquistar a vaga de estágio como cientista de dados na Loft.
Além da recolocação, ele já ocupou outro espaço que estava em sua lista de prioridades para os próximos anos: ser facilitador de turmas de dados na Tera. Assumindo oficialmente esse papel, ele aproveita para deixar algumas dicas para profissionais que estão começando na área.
Uma dica que sempre foi muito importante mas que nem sempre eu consegui seguir é entender que as entrevistas não moldam quem você é e não devem ser entrevistas que vão julgar você com pessoa, por exemplo. Esse foi o tipo de coisa que eu pensei muito depois de entrevistas em que não fui aprovado. Às vezes você passa a não se sentir qualificado não apenas para aquela vaga, mas também para a vida. Então é uma coisa muito importante entender que essas entrevistas não te definem. Eu gosto de pensar que a empresa não teve o prazer de trabalhar com você.
Sempre relate o que você está estudando, sejam códigos ou livros que você está lendo. Pessoas ficam interessadas nisso e precisam, inclusive. Quando pensamos em facilitar a vida de outras pessoas, é sempre bom para você e para as outras pessoas. Mesmo que você ache que várias pessoas já falaram sobre determinado conteúdo, cada profissional tem uma maneira de escrever e de entender aquele assunto, por isso pode acabar que alguém que entende melhor a sua explicação se beneficie do seu material e das suas anotações. Por isso, relate sua jornada o máximo possível porque, quando você consegue escrever alguma coisa, significa que você realmente aprendeu aquele tema.
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Nosso sonho é que histórias como a do Moxú deixem de ser a exceção. O Brasil está cheio de Moxús querendo abrir essas portas e facilitar o caminho para que ainda mais outras entrem. Conheça os cursos da Tera!