Entenda de uma vez o que é Design Thinking - e para que ele serve
Pensar fora da caixa passou a ser uma das competências mais importantes para carreiras digitais. Entenda como o Design Thinking muda a mentalidade para quem cria estratégias e produtos.
Você está criando um novo produto ou tem um problema de negócio e não sabe como resolver? O Design Thinking pode trazer muitas respostas e ainda surpreender com resultados inovadores.
Seus efeitos são tão poderosos que a metodologia é adotada pelas empresas mais disruptivas do mundo como Google, Apple, Uber e AirBnb. Além de tradicionais marcas de tecnologia como Microsoft e GE, passando por ícones como a Nike ou gigantes dos produtos de consumo como a P&G.
Mas o que é Design Thinking?
Os estudantes da Bauhaus (lembra da forma e função?), a meca do design, já utilizavam os elementos do Design Thinking em 1919. Mas a técnica só passou das pranchetas para o mundo corporativo em 2009, quando Tim Brown, CEO da consultoria de inovação IDEO lançou o livro Design Thinking — uma metodologia poderosa para decretar o fim das velhas ideias.
Quando o Design Thinking deixou de ser um processo exclusivo dos designers e migrou para o centro das decisões, foi adotado por líderes e suas equipes criativas e inserido em todos os níveis das organizações mais inovadoras, na busca de soluções em produtos e serviços.
“Ao integrar o que é desejável do ponto de vista humano com o que é tecnologicamente viável e economicamente viável, os projetistas puderam criar os produtos que desfrutamos hoje. O design thinking dá o próximo passo, que consiste em colocar essas ferramentas nas mãos de pessoas que talvez nunca tenham pensado em si mesmas como projetistas e aplicá-las a uma gama muito maior de problemas”. Tim Brown — Diretor executivo da IDEO.
Equipes multidisciplinares em empresas de todos os portes utilizam o Design Thinking para colocar o foco no usuário e encontrar soluções que atendam às suas expectativas, oferecendo experiências únicas. É assim que negócios tradicionais reafirmam o poder das suas marcas e novos empreendedores se tornam os unicórnios do Silício.
Tudo que você precisa é entender o usuário, desafiar suposições e redefinir problemas para identificar estratégias e soluções alternativas. O Design Thinking é centrado no usuário e tem o profundo interesse em desenvolver uma compreensão das pessoas para as quais estamos projetando os produtos ou serviços. Isso ajuda a entender e desenvolver empatia com o usuário.
Como funciona o Design Thinking
O Design Thinking é frequentemente citado como o pensamento ‘fora da caixa’. De fato, pensar fora da caixa pode fornecer uma solução inovadora para um problema, mas esse é um desafio e tanto, porque implica em alterar os padrões de pensamento que desenvolvemos naturalmente.
“I try not to think out of the box anymore, but on its edge, its corner, its flap, and its bar code.” Clint Runge, professor da Universidade de Nebraska-Lincoln
Enquanto os modelos tradicionais de solução de problemas seguem padrões rígidos com respostas únicas, a abordagem do Design Thinking começa com o processo de questionamento:
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questionar o problema;
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questionar os pressupostos; e
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questionar as implicações.
Um modelo que instiga múltiplas soluções é muito útil na resolução de problemas que são mal definidos ou desconhecidos. O processo visa reenquadrar o problema de forma human-centric, criando muitas idéias em sessões de brainstorming, com a adoção de uma abordagem hands-on em prototipagem e testes.
“O mais importante de tudo é que o processo é iterativo e expansivo. Designers resistem à tentação de saltar imediatamente para uma solução para o problema declarado. Em vez disso, eles primeiro gastam tempo determinando o problema básico que precisa ser resolvido.” Don Norman, que também cunhou o termo User Experience, autor de Rethink Design Thinking
Os resultados incrivelmente poderosos do Design Thinking são aplicáveis a todos os setores. De produtos de consumo, a serviços de educação, saúde, transporte e finanças, passando pelo universo da tecnologia, onde inovações disruptivas consolidam o sucesso de marcas como Apple, AirBnb, Uber, SAP, IBM e Microsoft, entre outras.
Pense fora da caixa: como aconteceu na Nike
Ao adotar o conceito moving forward a Nike utiliza o Design Thinking para ultrapassar os limites da inovação, com produtos de alta tecnologia para esportistas, que ao mesmo tempo consolidam a marca no mundo fashion.
Mark Parker, CEO da Nike, iniciou sua carreira como designer e acredita que o Design Thinking deve inspirar tudo o que a empresa faz.
O Nike Lab é o centro de pesquisa e inovação onde acontecem as colaborações experimentais, com a participação de atletas, designers e estilistas apaixonados pela marca que inspiram os 650 designers da empresa.
Ouvir as comunidades ligadas à marca também é uma constante, assim como a sintonia com a equipe do mundo todo, que colabora trazendo as tendências locais. A metodologia Design Thinking é incorporada ao cotidiano da Nike e reflete em produtos amados pelas pessoas, incorporando inovação constante como o tênis com conexão Bluetooth.
As fases do Design Thinking
O processo de Design Thinking envolve experimentação contínua: esboçar, criar protótipos, testar e experimentar conceitos e ideias. A abordagem da d.school, que está na vanguarda da aplicação e ensino do Design Thinking, utiliza cinco fases:
1. Empatia com seus usuários para entender quais são as necessidades das pessoas envolvidas no problema, do que precisam, do que gostam, o que querem.
2. Definir as necessidades de seus usuários, delimitando qual é o problema a ser solucionado, o que precisa ser resolvido ou criado.
3. Ideação, desafiando suposições e criando ideias para soluções inovadoras. Onde acontece o brainstorm em que ideias e sugestões devem fluir sem censura e sem medo de errar.
4. Prototipar para começar a criar soluções. Fase em que se escolhe uma ou mais ideias para criar os protótipos. Aqui entram os famosos post-its que ajudam o grupo a visualizar, organizar e selecionar as ideias mais interessantes.
5. Teste das soluções. Fase em que se experimentam os protótipos para escolher o que fizer mais sentido.
As fases não precisam seguir uma ordem específica, podem ocorrer em paralelo e podem ser repetidas iterativamente. Portanto, essas fases não são um processo hierárquico ou passo a passo. Elas apenas oferecem uma visão geral do contexto, em um processo de cocriação com o usuário, com etapas que contribuem para a entrega de um projeto inovador.
“O design thinking explora as capacidades. Não é apenas centrado no homem; é profundamente humano em si mesmo. O design thinking depende da nossa capacidade de ser intuitivos, de reconhecer padrões, de construir idéias que tenham significado emocional e também funcionalidade, de se expressar em outras mídias que não palavras ou símbolos.” Tim Brown, em Change by Design.
Com uma base sólida em ciência e racionalidade, o Design Thinking busca uma compreensão holística e empática dos problemas enfrentados pelas pessoas, o que envolve conceitos ambíguos ou subjetivos, como emoções, necessidades, motivações e condutores de comportamentos.
Por ser um processo iterativo o Design Thinking pode ajudar a redefinir um problema, na tentativa de identificar estratégias e soluções alternativas que talvez não sejam aparentes nos níveis iniciais de compreensão. Este é o grande benefício de implementar o Design Thinking na sua empresa, em um novo projeto ou em uma área específica do negócio.
Talvez você precise de uma inspiração prática para iniciar o seu processo de Design Thinking.
Aprendendo com o AirBnB
O AirBnB é uma espécie de modelo para o “empreendedorismo de design”: empreendedores com formação em design cujas empresas definem o tom no ambiente digital. O que podemos aprender com eles?
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Os escritórios da AirBnB em São Francisco são réplicas em tamanho real dos seus espaços de hospedagem para conquistar a empatia pelos usuários. Este ambiente cenográfico espelha o espírito de uma empresa onde o design de experiência e a busca pelo prazer intencional são negócios diários.
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As sessões de ideação na AirBnB são pré-planejadas por um “host de brainstorming”, que geralmente é uma pessoa da equipe de liderança, atuando em estreita coordenação com um pesquisador de design da equipe de Insights. Pesquisas rigorosas preparam previamente as diferentes direções de ressignificação.
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Eles apostam na habilidade das pessoas de sintetizar e dar sentido aos dados de todas as fontes e a criatividade é amplamente incentivada. Porém as equipes costumam deixar que a liderança priorize as direções a seguir depois que a ideia é proposta. Por outro lado, as escolhas das lideranças são guiadas por critérios de decisão baseados em insights orientados por dados e princípios de design de experiência.
Num contexto de trabalho em que os desafios profissionais se multiplicam diante das novas tecnologias, parece extremamente confortante saber que você pode usar o Design Thinking para encontrar soluções que realmente ofereçam melhores experiências para as pessoas. Sejam elas usuários de um aplicativo, de um serviço público ou de saúde, ou consumidores de produtos.
O mundo do negócios e a sociedade enfrentam novos e inesperados problemas e todos estão em busca de soluções inovadoras. Certamente o Design Thinking não é a fórmula mágica do sucesso, mas ele apresenta caminhos que fogem do pensamento tradicional.
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