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Reunião One-on-One: O que é, como funciona e boas práticas

Escrito por Redação Tera | 8 Aug

Conduzir um time exige mais do que definir metas e acompanhar resultados. É preciso criar espaços consistentes para entender as pessoas, alinhar expectativas e resolver questões antes que se tornem problemas. O one-on-one, reunião individual e recorrente entre líder e liderado, cumpre exatamente esse papel.

Neste guia, reunimos orientações práticas para estruturar, conduzir e manter 1:1s realmente produtivos: desde o propósito e a frequência ideal até roteiros, exemplos de perguntas e erros comuns a evitar.

Aqui você vai encontrar:

O que é um one-on-one?

Um one-on-one (ou 1:1) é uma reunião individual, recorrente e planejada entre líder e liderado. O foco não é discutir a lista de tarefas ou acompanhar indicadores, mas criar um espaço seguro para troca, alinhamento e desenvolvimento.

Diferente de uma reunião de status, o 1:1 não serve apenas para “atualizar o chefe”. É um momento para:

  • Compartilhar desafios e conquistas.
  • Trocar feedbacks de forma construtiva.
  • Discutir oportunidades de crescimento.
  • Alinhar expectativas sobre o trabalho e a colaboração.

O formato é simples, mas poderoso. Quando conduzido de forma consistente, o one-on-one se torna uma das ferramentas mais eficazes para construir confiança, engajar a equipe e prevenir problemas antes que se tornem grandes obstáculos.

Por que one-on-ones são tão importantes

One-on-ones são, na prática, uma das ferramentas mais eficazes que um líder tem para entender o que realmente está acontecendo na equipe, muito além do que aparece em relatórios ou reuniões de grupo.

Em um ambiente de trabalho cada vez mais acelerado e digital, é fácil que a comunicação se reduza a mensagens rápidas e conversas superficiais. O 1:1 cria o espaço oposto: tempo protegido, sem interrupções, para ouvir e ser ouvido. É ali que surgem informações valiosas sobre motivação, dificuldades, alinhamento e expectativas, pontos que raramente emergem de forma espontânea no dia a dia.

Do ponto de vista da gestão, esse encontro regular funciona como um radar antecipado. Ele permite:

  • Identificar problemas cedo, antes que se tornem críticos.
  • Ajustar expectativas e prioridades de forma clara e alinhada.
  • Explorar oportunidades de desenvolvimento e crescimento profissional.
  • Gerar confiança mútua e fortalecer o relacionamento.
  • Dar e receber feedback de maneira construtiva, em um ambiente seguro.

Mais do que uma reunião, o one-on-one é um hábito que demonstra cuidado e responsabilidade. Quando líder e liderado mantêm essa prática de forma consistente, o resultado é uma relação mais sólida, decisões mais bem-informadas e um ambiente onde as pessoas se sentem seguras para contribuir de verdade.

Quando e com que frequência fazer

A frequência de um one-on-one funciona como a manutenção de um carro:

  • Se você revisa com regularidade, evita surpresas desagradáveis e mantém tudo funcionando bem.
  • Se deixa para olhar só quando aparece um problema, o custo, e o impacto, será muito maior.

Não existe uma fórmula única para todos os casos, mas alguns princípios ajudam a encontrar o ritmo certo:

  • Semanal: ideal para equipes novas, momentos de mudança ou quando há muitos ajustes em andamento. Mantém o pulso da relação sempre atualizado.
  • Quinzenal: funciona bem quando há estabilidade no trabalho, mas ainda assim é importante manter alinhamento e acompanhamento próximos.
  • Mensal: adequado apenas em cenários muito estáveis e com outras formas de comunicação frequente no dia a dia.

O mais importante não é a quantidade exata de reuniões, mas a regularidade e a previsibilidade. Quando o 1:1 é marcado e desmarcado constantemente, a mensagem que passa é de que essa conversa não é prioridade, e isso mina a confiança no processo.

Dica prática: escolha um dia e horário fixos, trate como compromisso inadiável e só cancele se houver um motivo realmente relevante. Isso mostra que o tempo investido na relação é tão importante quanto qualquer outra entrega.

Como conduzir um one-on-one produtivo

Se você nunca conduziu um one-on-one, pode parecer estranho no começo:

“Sobre o que exatamente eu falo?”

“A reunião não vai ficar forçada?”

A boa notícia é que um 1:1 bem conduzido não depende de improviso: ele precisa de preparo, escuta ativa e um roteiro claro.

A seguir, um guia simples para tirar a reunião do papel e fazê-la funcionar na prática.

1. Antes da reunião: prepare o terreno

  • Defina um objetivo: é sobre desenvolvimento, alinhamento de expectativas, feedback ou todos os três?
  • Revise interações recentes: veja e-mails, mensagens ou entregas da pessoa para ter contexto.
  • Convide o liderado a trazer pautas: um bom 1:1 é colaborativo, não uma conversa unilateral.
  • Reserve um espaço tranquilo: nada de ser interrompido no meio ou fazer “entre uma call e outra”.

Checklist pré-1:1:

  • Objetivo da conversa definido.
  • Pontos-chave anotados.
  • Espaço e horário protegidos.
  • Liderado informado e participando da pauta.

2. Durante a reunião: crie um espaço seguro

  • Comece com perguntas abertas e leves: “Como você está?”, “Como foi a sua semana?”.
  • Escute mais do que fala, o tempo de fala do liderado deve ser maior que o do líder.
  • Explore temas trazidos por ele antes de entrar nos seus.
  • Traga feedbacks claros, com exemplos concretos.
  • Quando falar de problemas, foque em soluções e próximos passos.

Mini-roteiro para um 1:1 de 30 minutos:

  1. 5 min: Quebra-gelo e bem-estar.
  2. 10 min: Pautas do liderado.
  3. 10 min: Pautas do líder (feedbacks, alinhamentos, orientações).
  4. 5 min: Resumo e próximos passos.

3. Depois da reunião: mantenha o ciclo vivo

  • Registre decisões e ações acordadas (pode ser num documento compartilhado ou ferramenta simples).
  • Acompanhe na próxima reunião o que foi combinado.
  • Reforce o que está indo bem, isso mantém o engajamento alto.

Checklist pós-1:1:

  • Próximos passos definidos.
  • Prazo ou responsável registrado.
  • Pontos positivos destacados.
  • Pauta da próxima reunião alimentada.

Um one-on-one produtivo não é só “mais uma reunião”. Ele é uma construção contínua. Quando o liderado percebe que o que é dito ali gera ação e mudança, a confiança cresce e a conversa se aprofunda a cada encontro.

Exemplos de perguntas para enriquecer a conversa

Um bom one-on-one não depende apenas de escuta ativa, mas também das perguntas certas. Ter um repertório variado ajuda a conduzir a conversa de forma mais profunda e a explorar temas que, muitas vezes, não surgiriam espontaneamente.

1. Para iniciar a conversa e entender o estado emocional

  1. Como você está se sentindo em relação ao seu papel?
  2. Está feliz aqui? O que faz você dizer isso?
  3. Você sente que está crescendo na sua função? O que faz você dizer isso?
  4. O que mais te interessa no projeto que está trabalhando? Por quê?
  5. Qual é a sua parte favorita (e a menos favorita) do trabalho atualmente?
  6. Como essa parte menos favorável impacta seu desempenho?
  7. O que está funcionando bem para você?
  8. O que você gostaria que fosse diferente?
  9. De que forma sua função atual permite que você use seus talentos?
  10. Em que áreas você sente que não está alcançando seu potencial?

2. Sobre desenvolvimento e carreira

  1. De quais projetos você mais se orgulha? E o que gostaria de fazer em seguida?
  2. Quais 2 ou 3 habilidades você gostaria de aprender? Por que?
  3. Em que outras funções ou áreas você gostaria de trabalhar no futuro?
  4. Como seria seu cargo ideal?
  5. Seu trabalho atual está ajudando ou prejudicando seu desenvolvimento profissional?
  6. Quais metas de desenvolvimento você sente que não está conseguindo focar?
  7. O que posso fazer para te ajudar a crescer na carreira?
  8. Se olhar para daqui a dois anos e tudo deu certo, como seria seu papel nesse cenário?
  9. Em que nível você se vê em 3 ou 5 anos?
  10. Que metas profissionais você gostaria de alcançar nos próximos 6 a 12 meses?

3. Sobre a empresa e o contexto maior

  1. Qual é a maior oportunidade que estamos perdendo?
  2. Se pudéssemos melhorar algo na empresa, o que seria?
  3. O que você gostaria de ver mudado aqui?
  4. Qual é o maior desafio da organização na sua visão?
  5. O que estamos deixando de fazer que deveríamos fazer?
  6. O que estamos fazendo que deveríamos parar?
  7. Como você se sente sobre o futuro da empresa?

4. Sobre o time e colaboração

  1. Como você descreveria a personalidade da equipe? Quem se encaixa bem?
  2. Como avalia nosso trabalho conjunto como equipe?
  3. Como podemos melhorar a colaboração?
  4. Com quem você gostaria de trabalhar mais ou menos? Por quê?
  5. Como está a divisão de trabalho entre a equipe?
  6. Você se sente apoiado pelos colegas?
  7. Há algo que gostaria de mudar no funcionamento da equipe?

5. Mudanças recentes e adaptações

  1. Como você está lidando com a mudança recente?
  2. Quais preocupações sobre essa mudança ainda não foram resolvidas?
  3. O que está indo bem e o que está difícil nessa nova situação?
  4. Você entendeu claramente as novas expectativas?
  5. Como essa mudança está afetando seu trabalho?

6. Sobre projetos específicos

  1. Como você se sente em relação a este projeto?
  2. Qual parte dele te interessa mais?
  3. O que você está aprendendo com esse projeto?
  4. O que te frustra nesse projeto?
  5. Em que área você gostaria de focar mais?
  6. O que deu certo? E o que poderia ter sido melhor?
  7. O que posso fazer para tornar o projeto mais interessante para você?
  8. O que eu deveria saber sobre esse projeto que ainda não sei?

7. Principais desafios

  1. Qual é seu maior desafio agora? Como posso ajudar?
  2. Qual foi o momento mais frustrante da semana? Como posso apoiar?
  3. Quais preocupações você tem sobre seus projetos atuais?
  4. Notei X na entrega… pode me explicar seu processo?
  5. Que parte do projeto ainda está confusa para você?
  6. Como está sua carga de trabalho?
  7. Como anda seu equilíbrio trabalho/vida?
  8. Que recursos você precisaria para facilitar sua rotina?

8. Aprofundando temas delicados

  1. Pode contar mais sobre isso?
  2. Pode compartilhar os detalhes do que aconteceu?
  3. Como foi essa experiência para você?
  4. O que você mais e menos gostou nisso?
  5. Como isso fez você se sentir?

Erros comuns a evitar

Um one-on-one produtivo depende tanto do que você faz quanto do que evita fazer. Alguns deslizes frequentes comprometem o propósito da reunião e fazem com que ela se torne apenas “mais um item na agenda”.

Principais erros a evitar:

  • Usar o 1:1 apenas para cobrar tarefas. Isso transforma a conversa em uma reunião de status e tira seu valor estratégico.
  • Cancelar ou remarcar com frequência. A mensagem transmitida é de que o encontro não é prioridade.
  • Chegar sem preparo. Sem pautas ou pontos claros, a reunião perde foco e profundidade.
  • Falar mais do que ouvir. O objetivo é criar espaço para o liderado se expressar, não monopolizar a conversa.
  • Ignorar o que foi dito. Quando não há acompanhamento ou ações após a reunião, a confiança no processo diminui.
  • Tratar assuntos delicados de forma apressada. Conversas difíceis exigem tempo e atenção.

O que muda quando o 1:1 vira um hábito

Quando o one-on-one deixa de ser um evento ocasional e se torna parte da rotina, a relação entre líder e liderado muda de patamar. Com o tempo, o encontro deixa de ser apenas uma reunião e passa a ser um canal constante de alinhamento, aprendizado e confiança.

A frequência traz previsibilidade e segurança. O liderado sabe que terá um espaço reservado para falar sobre o que importa, sem pressa e sem medo de julgamento. O líder, por sua vez, ganha visão de contexto e pode agir de forma mais estratégica, prevenindo problemas antes que eles se agravem.

Entre os principais impactos positivos:

  • Comunicação mais clara e frequente, menos ruídos e interpretações erradas.
  • Problemas resolvidos mais cedo, evitando crises e retrabalhos.
  • Equipes mais engajadas, pessoas sentem que sua voz é ouvida e valorizada.
  • Desenvolvimento acelerado, feedbacks e orientações se transformam em progresso real.
  • Cultura de confiança, relações de trabalho mais transparentes e saudáveis.

O hábito de manter bons one-on-ones cria um ciclo virtuoso. Quanto mais consistentes e relevantes eles são, mais fácil se torna liderar e mais forte é o vínculo com o time.

Conclusão

O one-on-one não é apenas mais um compromisso na agenda: é um espaço estratégico para criar conexões reais, alinhar expectativas e estimular o desenvolvimento contínuo. Quando bem conduzido, ele permite que o líder enxergue além dos números e entregas, entendendo o que move (e o que trava) cada pessoa da equipe.

Ao transformar essa prática em hábito, os benefícios se acumulam: problemas são identificados antes de se tornarem críticos, as conversas ficam mais francas, o engajamento cresce e a confiança se fortalece. Mais do que resolver questões pontuais, o 1:1 cria uma cultura onde diálogo e colaboração são prioridade.

No fim, o segredo está na consistência, no preparo e na escuta genuína. Reuniões assim não apenas melhoram a gestão no presente, mas também constroem as bases para equipes mais fortes, motivadas e capazes de alcançar resultados sustentáveis no futuro.