
Stakeholders: quem são eles? Entenda a importância [+exemplos]
Se você está entrando no mundo de produto, UX, dados ou estratégia, provavelmente já ouviu alguém dizer algo como: “precisamos envolver os stakeholders” ou “isso ainda depende de um alinhamento com os stakeholders”. E aí bate aquela dúvida: quem são essas pessoas? E o que exatamente esperam de mim?
Mais do que uma palavra em inglês que aparece em reuniões, "stakeholder" é um conceito essencial para quem quer crescer em ambientes colaborativos e tomar decisões melhores em qualquer projeto digital.
E o melhor: você pode começar a desenvolver essa habilidade agora, mesmo que ainda esteja estudando ou buscando sua primeira oportunidade na área.
Aqui você vai encontrar:
- O que são stakeholders?
- Por que esse termo aparece tanto no mundo digital?
- Exemplos de stakeholders no dia a dia de áreas como produto, UX, dados e estratégia
- O papel dos stakeholders em projetos reais
- Como desenvolver essa habilidade mesmo sem estar num cargo formal
- Conclusão: stakeholders não são um “bicho de sete cabeças”
O que são stakeholders?
Se você está começando a explorar o universo de tecnologia, produtos digitais, UX ou dados, é bem provável que já tenha esbarrado com essa palavra meio estranha: stakeholders. E talvez tenha pensado: “Ok… parece importante, mas o que isso significa exatamente?”
A verdade é que, por trás desse nome em inglês, está um conceito muito mais próximo da sua realidade do que você imagina.
Stakeholders são todas as pessoas ou grupos que têm algum interesse ou envolvimento em um projeto, produto ou decisão. Elas podem ser impactadas pelo que está sendo feito, ou têm algum tipo de poder ou responsabilidade sobre aquilo.
Em português direto e claro: são os “interessados” ou “envolvidos” em uma iniciativa.
Uma metáfora simples: o churrasco de fim de semana
Imagine que você vai organizar um churrasco com amigos. Quem são os stakeholders?
- A pessoa que vai trazer a churrasqueira
- Quem vai comprar a carne
- Quem é vegetariano e precisa de uma opção diferente
- O vizinho que pode se incomodar com o som
- E até quem só vai chegar para comer, mas vai comentar se a farofa estiver ruim
Todos esses são stakeholders do seu churrasco. Ou seja, gente que de alguma forma vai participar, ser impactada, ou influenciar o que vai acontecer.
No ambiente profissional, a lógica é a mesma, só muda o cenário.
Por que isso importa?
Saber quem são os stakeholders e como lidar com eles é essencial porque:
- Eles tomam decisões (ou influenciam quem toma)
- Eles sentem o impacto do que você está construindo
- Eles podem apoiar ou atrapalhar o sucesso do projeto
Mesmo em cargos iniciantes, você já vai se deparar com a necessidade de entender quem são essas pessoas e como manter um bom relacionamento com elas.
Por que esse termo aparece tanto no mundo digital?
Se você começou a explorar o universo de produtos digitais, UX, dados ou estratégia, talvez já tenha notado: o termo stakeholder aparece o tempo todo. Mas por que essa palavra é tão recorrente nesse mercado?
A resposta está na forma como projetos digitais são criados: de forma colaborativa, iterativa e com múltiplas camadas de decisão.
Produtos digitais não nascem em silos
Um aplicativo, uma nova funcionalidade, um dashboard de dados ou uma reformulação na jornada do cliente, nada disso é feito por uma única pessoa ou um único time. Pelo contrário: são muitos interesses coexistindo.
- O time de produto quer entregar valor para o usuário.
- O time de marketing quer que a entrega comunique bem e gere impacto.
- O time jurídico quer garantir que tudo esteja em conformidade.
- O time de engenharia quer que seja viável tecnicamente.
- E, claro, o usuário final quer algo útil, simples e intuitivo.
Todos esses grupos têm objetivos legítimos, mas às vezes esses objetivos entram em conflito. É aí que a habilidade de entender e gerenciar stakeholders se torna fundamental.
No mundo digital, tudo é interdependente
Projetos de tecnologia raramente são tarefas isoladas. Um botão em um app pode influenciar dados capturados para o BI (Business Intelligence), mudar a experiência do cliente, impactar taxas de conversão, ou até interferir em indicadores estratégicos da empresa.
Isso significa que qualquer mudança pequena pode mobilizar várias pessoas com interesses diferentes. E para que as decisões sejam bem tomadas, é preciso saber:
- Quem precisa ser ouvido?
- Quem precisa aprovar?
- Quem pode ser impactado e nem sabe ainda?
Ser júnior ≠ não ter stakeholders
Muita gente pensa que só quem está em cargos mais altos precisa se preocupar com stakeholders. Mas isso não é verdade.
Mesmo como estagiário ou analista júnior, você já está inserido em um ecossistema onde suas entregas afetam outras pessoas, e são afetadas por elas. Quanto mais cedo você desenvolver essa visão, mais rápido você se torna um profissional estratégico e valorizado.
Saber quem são os stakeholders e por que se fala tanto neles é o primeiro passo para deixar de ver o trabalho como um conjunto de tarefas, e começar a enxergar o contexto, os impactos e os relacionamentos que fazem parte de qualquer projeto no mundo digital.
Exemplos de stakeholders no dia a dia de áreas como produto, UX, dados e estratégia
Entender o que são stakeholders se torna muito mais fácil quando a gente visualiza situações reais. Por isso, trouxemos aqui exemplos práticos e específicos de como esse conceito aparece no dia a dia de diferentes áreas do mercado digital.
Em Produto Digital
Imagine que você faz parte de um time que está desenvolvendo uma nova funcionalidade em um aplicativo de mobilidade urbana.
Quem são os stakeholders aqui?
- Usuários finais (motoristas e passageiros): quem vai usar de fato essa funcionalidade e cuja experiência precisa ser boa.
- Gerente de produto: quem define prioridades com base na estratégia da empresa.
- Time de engenharia: responsável por implementar a solução (e que pode apontar limitações técnicas).
- Time de marketing: que precisa entender a novidade para comunicar e divulgar.
- Equipe de suporte ao cliente: que pode receber dúvidas ou reclamações.
- Time jurídico: que verifica se a solução está em conformidade com leis de dados ou mobilidade urbana.
Perceba como cada um desses grupos tem expectativas, preocupações e necessidades diferentes, e como todos precisam ser levados em consideração para que a entrega funcione de verdade.
Em UX e Design de Produto
Agora imagine que você está redesenhando a tela de cadastro de um aplicativo bancário. Stakeholders possíveis:
- Usuários reais (pesquisados em testes ou entrevistas)
- Product Owner: que tem metas específicas de conversão para essa etapa.
- Time de compliance: que garante que o fluxo de dados esteja dentro das normas do Banco Central.
- Desenvolvedores front-end e back-end: que vão implementar seu design.
- Equipe de acessibilidade: que garante que o app funcione para pessoas com deficiência.
Aqui, o designer não está apenas “fazendo uma tela bonita”. Ele está negociando interesses, ouvindo vozes diferentes e equilibrando objetivos de negócio com usabilidade e ética.
Em Dados e Analytics
Imagine que você é analista de dados e precisa criar um dashboard para medir a performance de uma nova campanha digital.
Stakeholders envolvidos:
- Time de marketing: que quer entender o retorno sobre o investimento.
- Executivos: que vão usar os dados para tomar decisões.
- Engenheiros de dados: responsáveis por garantir a qualidade e integração das fontes de dados.
- Designers ou redatores: que precisam entender os insights para otimizar peças.
Aqui, saber para quem você está criando e o que essa pessoa precisa extrair da informação é tão importante quanto a análise em si.
Em Estratégia de Negócio ou Produto
Se você trabalha com visão estratégica, vai precisar lidar com stakeholders de alto impacto:
- Diretores e lideranças da empresa: que definem OKRs ou metas de longo prazo.
- Clientes corporativos ou parceiros: que podem ter exigências específicas.
- Investidores: que querem entender os resultados e o potencial do negócio.
- Times operacionais: que vão executar o que está sendo planejado.
Nesse caso, a habilidade de ouvir, priorizar, e alinhar diferentes interesses é quase tão importante quanto o domínio técnico ou analítico.
O papel dos stakeholders em projetos reais
Você já deve ter ouvido frases como:
- “Precisamos alinhar com os stakeholders antes de seguir.”
- “Essa decisão veio do stakeholder X.”
- “Vamos fazer uma reunião de kickoff com todos os stakeholders envolvidos.”
Essas frases mostram algo muito importante: stakeholders não estão à margem do processo, eles são parte central da tomada de decisões e do fluxo de um projeto.
Mas afinal, qual é o papel real dessas pessoas ou grupos?
1. Definir direção e objetivos
Muitos stakeholders são responsáveis por decidir para onde o projeto vai. Eles trazem os porquês, as restrições e os objetivos estratégicos. Por exemplo:
- Um gerente de produto pode dizer: “Esse trimestre, precisamos focar em retenção de usuários.”
- Um cliente corporativo pode afirmar: “Queremos que a solução esteja pronta antes do evento do setor.”
Essas decisões moldam as prioridades do time, os critérios de sucesso e até as soluções técnicas e de design.
2. Validar e aprovar entregas
Mesmo que você execute uma tarefa com excelência, alguém precisa validar se aquilo está adequado, certo ou pronto para ir ao ar.
- O jurídico aprova se está tudo conforme a legislação.
- O time de branding garante que a identidade visual foi respeitada.
- O usuário final, em testes de usabilidade, mostra se aquilo realmente funciona.
Sem o olhar e o aval de stakeholders, o projeto pode parar ou ir para o ar com falhas importantes.
3. Fornecer contexto e informações-chave
Stakeholders nem sempre têm um papel de decisão, mas muitas vezes têm insights valiosos.
- Um analista de atendimento pode contar quais são as reclamações mais comuns dos usuários.
- Uma gestora de CRM pode explicar quais segmentações fazem mais sentido para uma campanha.
- Um engenheiro pode apontar um gargalo técnico que muda completamente a solução planejada.
Projetos que não escutam os stakeholders certos acabam errando na base: entregam algo que não responde ao problema real.
4. Patrocinar, apoiar e remover bloqueios
Em projetos mais complexos, ter stakeholders influentes do seu lado pode acelerar caminhos:
- Garantir orçamento
- Mobilizar outros times
- Defender o projeto em reuniões com lideranças
- Priorizar sua entrega entre várias outras iniciativas da empresa
Esse é o tipo de apoio que muitas vezes não está visível no Trello ou no Notion, mas que é decisivo para que o trabalho aconteça de fato.
5. Fazer com que a entrega tenha impacto
Imagine que seu time desenvolveu uma funcionalidade incrível, mas ninguém soube disso. Faltou alinhar com marketing, com suporte, com o time de treinamento.
Resultado? A entrega morre na praia. O trabalho com stakeholders garante que a entrega não seja só feita, mas absorvida, comunicada e usada. Porque, no fim, não importa apenas o que você entrega, mas o valor que aquilo gera para as pessoas certas.
E quando isso não acontece?
Projetos que ignoram stakeholders correm riscos como:
- Falta de alinhamento e retrabalho
- Soluções que não atendem à real necessidade
- Entraves e bloqueios inesperados
- Perda de confiança no time
- Entregas que “somem” dentro da organização
Os stakeholders são uma peça-chave na engrenagem de qualquer projeto. Saber com quem conversar, o que perguntar e como alinhar é tão importante quanto ter boas ideias ou dominar ferramentas.
Como desenvolver essa habilidade mesmo sem estar num cargo formal
Uma das maiores dúvidas de quem está começando é:
“Como eu vou aprender a lidar com stakeholders se ainda nem entrei no mercado?”
A boa notícia é que essa habilidade não depende de um crachá. Ela pode (e deve!) ser cultivada desde o início da sua jornada, mesmo em cursos, projetos pessoais ou experiências anteriores fora da área digital.
Aqui vão caminhos reais para desenvolver essa competência antes mesmo de conseguir seu primeiro emprego na área:
1. Pratique o olhar de contexto em qualquer projeto
Em vez de focar só na tarefa que você está executando, treine fazer perguntas como:
- Quem vai usar isso que estou criando?
- Quem pode ser impactado?
- Quem vai precisar entender ou aprovar?
- Quais interesses estão envolvidos?
Esse tipo de mentalidade mostra que você sabe enxergar além do seu quadrado, uma característica muito valorizada, especialmente em ambientes colaborativos.
2. Participe de projetos em grupo com intenção estratégica
Durante cursos, bootcamps ou projetos pessoais, não subestime o valor de atividades em grupo. Use essas experiências para:
- Alinhar expectativas com colegas
- Escutar opiniões diferentes
- Lidar com conflitos e tomar decisões coletivas
- Apresentar soluções para públicos diversos (mentores, avaliadores, outros alunos)
Isso simula muito bem o que acontece em times reais, e te prepara para interações com stakeholders no mundo profissional.
3. Aprimore sua comunicação com clareza e empatia
Lidar com stakeholders é, acima de tudo, sobre saber se comunicar com diferentes perfis de pessoas. E você pode praticar isso em várias situações:
- Quando for explicar um projeto no LinkedIn
- Ao apresentar um case pessoal no seu portfólio
- Durante mentorias, entrevistas simuladas ou trocas com colegas
Treine contar a história do seu projeto pensando no que a outra pessoa precisa saber, não só no que você quer dizer.
4. Peça feedback (e escute de verdade)
Uma forma poderosa de simular a relação com stakeholders é pedir feedback real e lidar com ele com maturidade.
- Peça para um mentor ou colega avaliar seu portfólio
- Solicite uma segunda opinião sobre um case
- Pergunte como poderia melhorar a apresentação de um projeto
Isso ajuda você a praticar escuta ativa, abertura para ajustes e postura colaborativa, habilidades essenciais para lidar com stakeholders em qualquer nível.
5. Valorize experiências que você já teve fora da área
Se você já trabalhou em loja, deu aula, organizou evento, fez trabalho voluntário ou participou de movimento estudantil, acredite, você já teve que lidar com interesses diversos.
- Clientes, colegas, chefes, parceiros, pais de alunos…Essas pessoas foram stakeholders da sua jornada. Talvez você só não tenha chamado assim.
Aprender a traduzir essas experiências de forma estratégica no seu portfólio ou currículo é uma das melhores formas de mostrar que você tem essa habilidade na prática, mesmo sem um cargo formal na área digital.
Conclusão
Stakeholders podem parecer um conceito distante, corporativo demais, mas, na prática, são apenas as pessoas com quem você precisa se conectar para que um projeto aconteça de verdade.
Aprender a reconhecê-los, ouvir, alinhar e colaborar com eles é uma habilidade que você pode (e deve) desenvolver desde já, mesmo sem cargo formal, mesmo em projetos pequenos.
Quanto mais você pratica esse olhar, mais preparado estará para atuar em times digitais de verdade.
E mais rápido vai deixar de ser só alguém que executa tarefas, para se tornar alguém que gera impacto de forma inteligente, humana e estratégica.