Profissões do futuro que já estão em alta hoje

O fundador da Tera, Leandro Herrera, explica quais são as três profissões do futuro que estão bombando hoje (e pagando muito bem). Entenda mais sobre essas carreiras digitais.

Por Leandro Herrera, publicado originalmente em sua coluna na Época Negócios.

Estamos vivendo uma grande transição na maneira como nos relacionamos com o trabalho, em direção a um futuro em que humanos e máquinas estabelecerão um novo tipo de parceria.

Naturalmente, à medida em que sistemas inteligentes tornam negócios mais eficientes e aceleram exponencialmente a capacidade de entregar valor para os clientes, proporcionando crescimento em escalas sem paralelo na história, as organizações buscam novas maneiras de se organizar para que consigam criar, decidir, interagir e se adaptar mais rápido à velocidade que é esperada pelas pessoas e pelo mercado.

Uma boa maneira de espiar como será o futuro das organizações é olhar como empresas nativas digitais se organizam, quais competências seus profissionais possuem e como elas tomam decisões. Só neste ano, temos no Brasil 3 novos unicórnios — empresas avaliadas acima de US$ 1 bilhão, como Quinto Andar, Loggi e Gympass — que estão alucinadamente contratando talentos que possibilitem a elas desenvolver produtos e serviços melhores e mais rapidamente.

Por incrível que pareça, enquanto de um lado o Brasil sofre com mais de 12 milhões de pessoas sem emprego, de outro existe um déficit de 240 mil profissionais na área de tecnologia. Então quais são as principais profissões demandadas em empresas digitais?

Existe um estudo publicado anualmente pelo Linkedin, principal rede social corporativa do mundo, que analisa dados de milhões de profissionais e empregadores para identificar essas competências e profissões. Baseado nesse estudo, separei aqui 3 das profissões do futuro que estão bombando hoje (e pagando muito bem):

Ilustração de mulher em cadeira de rodas

Product Manager (Gerente de Produto)

Tem visão estratégica, conhece as alavancas de crescimento do negócio, é apaixonada por tecnologia e direcionada a resultados reais.

Para tomar decisões sobre quais funcionalidades devem ser priorizadas no desenvolvimento de um produto digital, busca entender profundamente as necessidades dos usuários, as métricas de uso do produto, as hipóteses de geração valor para o negócio e a capacidade de desenvolvimento da equipe — composta por desenvolvedores, cientistas de dados, analistas de negócios e designers de experiência.

Exerce liderança sobre o time, mas não de forma hierárquica. Sua principal função é definir a visão do produto, quais etapas serão percorridas para chegar nesta visão — o roadmap do produto — e conduzir processos ágeis para entregar valor para os usuários continuamente, de forma rápida, impactando positivamente o crescimento da empresa.

No ranking de empregos mais promissores nos US em 2019, Product Manager ficou na 14a posição. No Brasil, 7.000 mil pessoas se declaram Product Manager no Linkedin.

Ilustração de mulher negra sendata e falando

UX Designer (Designer de Experiência)

Está sempre buscando inspiração para resolver problemas reais das pessoas a partir de métodos de investigação e pesquisa que possam aproximá-la da realidade dos usuários. Muitas vezes, a partir dos resultados e das observações, define com precisão qual desafio deve ser solucionado para que a experiência de uso de um produto ou serviço seja a mais agradável, fácil, intuitiva e que gere valor instantâneo para o cliente.

O resultado final desse trabalho pode se dar na forma de um fluxo de experiência e interação dentro de um aplicativo, site ou assistentes de voz; ou como mapas de experiência — que inspiram o desenvolvimento de produtos e serviços capazes de diferenciar a companhia frente aos concorrentes.

É importante dizer que esse conjunto de competências, tradicionalmente encontrado em UX Designers, está em alta não apenas nos times de desenvolvimento de produtos digitais. A área de Recursos Humanos, por exemplo, está desenvolvendo talentos internamente — ou contratando no mercado — com as competências de design de experiência para transformar a jornada de candidatos no processo de recrutamento ou para tornar a experiência do colaborador mais interessante — aumentando a retenção e a produtividade.

No ranking de competências com maior demanda nos US em 2019, UX Design ficou na 5a posição. No Brasil, 4.000 mil pessoas se declaram UX Designer no Linkedin, com mais de 500 vagas abertas.

Ilustração de homem negro caminhando

Data Scientist (Cientista de Dados)

Entende quais dados são coletados e organizados e qual o valor potencial desses dados para solucionar problemas de negócio. A partir desse entendimento, aplica conhecimentos em matemática estatística, realiza análise exploratória, formula e testa hipóteses e desenvolve algoritmos que possibilitam que esses dados tragam valor real para o negócio e impactem imediatamente a experiência do cliente, de forma massiva.

Cientistas de dados podem impactar e aumentar a eficiência — e a experiência dos clientes — em todas as áreas do negócio. Pense que, quando você pede um carro via aplicativo, a definição de quem será o motorista que irá atendê-lo se dá por um algoritmo. Isso também vale para as recomendações de compra na Amazon, a aprovação de crédito em instituições financeiras e até mesmo o diagnóstico de doenças. Tudo isso vem sendo realizado por sistemas inteligentes e autônomos — cuja lógica foi concebida, sempre vale lembrar, por humanos.

Além do valor potencial gerado para o negócio, acredito que esse papel tem uma responsabilidade imensa para questionar e influenciar positivamente o desenvolvimento de algoritmos que não sejam discriminatórios ou que possam ser utilizados para manipular de forma antiética o comportamento das pessoas (o filme Privacidade Hackeada, disponível no Netflix, dá uma boa ideia do potencial perigo de aplicação de ciência de dados sem considerações éticas).

No ranking de empregos mais promissores em 2019 nos EUA em 2019, Data Scientist ficou na 1a posição. No Brasil, 1.800 pessoas se declaram Data Scientist no Linkedin, com mais de 500 vagas abertas.

A lista continua — e as oportunidades também

Dentre os empregos mais promissores de 2019, além dos citados acima, aparecem Arquiteto de Soluções, Scrum Master, Gerente de Marketing de Produto e Engenheiro de Aprendizado de Máquina.

Essas profissões, ao mesmo tempo em que podem gerar um estranhamento para muitas pessoas, são um sinal de que o futuro do trabalho está acontecendo agora.

Entender e acompanhar essas tendências pode indicar caminhos a serem trilhados e ajudar a decidir o que você pode aprender para alavancar sua carreira, diminuindo a ansiedade sobre como será seu trabalho amanhã.

Afinal, por enquanto, a profissão “robô” parece estar longe de entrar nesta lista.