Valéria Reis, ex-estudante de UX Design na Tera

De comunicadora a UX: como Valéria tem criado experiências que valorizam diversidade

Conheça a história de Valéria Reis, uma comunicadora que encontrou na carreira de UX Design o caminho para realizar o sonho de unir tecnologia e pessoas.

Fotos por Helena Yoshioka.

A Tera é uma comunidade composta por gente. Gente com diferentes jornadas, desafios e conquistas. Em comum, a sede de conhecimento e o desejo de transformar positivamente a sociedade. Esta é a história de Valéria Reis, uma comunicadora que fez o bootcamp de UX Design da Tera e encontrou na carreira de UX o caminho para realizar o sonho de unir tecnologia e pessoas.

Neste artigo, você vai descobrir que os aprendizados de Valéria nessa trajetória foram muito além de ferramentas e processos. Durante a transição para UX Design, ela desenvolveu seu autoconhecimento e senso de propósito.

Ao fim do curso, conquistou uma vaga na Zup, uma startup desenvolvedora de produtos digitais open source. Em 7 meses, já fomentou projetos que trouxeram mais humanização para a experiência de colaboradores, participou de iniciativas que fomentaram a discussão e a necessidade de um time focado em diversidade e conduziu uma mentoria para mulheres pretas em UX Design. 

Quer saber mais sobre os detalhes dessa jornada e os aprendizados que ela compartilhou? Continue a leitura e conheça a história completa da Valéria.

Valéria Reis, UX Design Tera foto por Helena YoshiokaValéria Reis, 27 anos, designer de serviços no time de Employee Experience e Diversidade da Zup. Concluiu o bootcamp de UX Design da Tera em março de 2020. Foto por Helena Yoshioka.

O CAMINHO DE QUEM APRENDEU SOBRE PESSOAS

Valéria Reis leva consigo a convicção de que o olhar para as pessoas é algo essencial, não apenas na posição de profissional de experiência, mas também como uma integrante da sociedade. 

Essa perspectiva tão aguçada é fruto das diferentes vivências que acumulou. Nascida no Grajaú, em São Paulo, aos 15 anos ela fez seu primeiro curso, de Mecânica Industrial. Entrou pensando em trabalhar em uma fábrica no interior e saiu com uma visão mais ampla de mundo e com o desejo de estudar Comunicação Social. Desde cedo, entendeu claramente como o estudo poderia ser uma ferramenta de transformação valiosa.

"Meus pais não concluíram o ensino médio. Eu e meus irmãos somos a primeira geração a conseguir concluir a faculdade. O estudo na minha família tem um peso muito importante. Eu brinco que sou a louca dos cursos, se deixar todo fim de semana eu tô fazendo um. Acho que um dos grandes aprendizados que eu tive é que conhecimento é a única coisa que não podem roubar da gente."

Valéria fez Comunicação Social e não abre mão da certeza de que investir no financiamento da graduação foi uma das melhores escolhas que fez na vida. Durante a faculdade, fez estágios em marketing e realizou o sonho de fazer um intercâmbio - fruto de um esforço coletivo dos pais - que são armadores de ferragens - e dos 5 irmãos.

Ao fim do curso, ingressou no mercado financeiro, atuando em uma assessoria de investimentos. Mais um desafio e mais um aprendizado. De lá, retornou ao Grajaú para trabalhar com os irmãos em uma loja de materiais de construção. 

“Meu mundo tinha virado de cabeça para baixo. Da bolha da minha faculdade - onde eu era a única da minha turma que era preta -, do mercado financeiro... e voltei para a periferia, para o bairro em que eu nasci, onde a realidade era completamente diferente, onde tinham pessoas que trabalhavam diariamente para construir suas casas, muitas vezes de madeirite, em que chove e a casa é destruída. E foram os 3 anos da minha vida em que eu mais aprendi como pessoa.”

 

Pensar em experiência de pessoas usuárias é, no fim das contas, pensar em pessoas e compreendê-las. E essa bagagem Valéria já estava acumulando há muito tempo. 

Em todos os trabalhos que passei, de certa forma eu estava lidando com experiência. No mercado financeiro era como as pessoas se relacionavam com dinheiro, no material de construção era como elas se relacionavam com a experiência e o sonho de construir uma casa. Hoje eu trabalho com experiência do colaborador. Então um aprendizado que tive é que tudo que a gente tá fazendo é sobre pessoas no final. Ainda que você não fale com ninguém na sua rotina de trabalho, esteja programando, no fim o que você está fazendo é para uma outra pessoa." 

QUANDO UM CURSO DE UX DESIGN VAI MUITO ALÉM DAS FERRAMENTAS

Depois de quase três anos trabalhando com os irmãos na loja de materiais de construção, Valéria não apenas queria voltar a atuar em sua área de formação, como também queria unir sua bagagem de comunicação com a área de tecnologia. Esse desejo veio de lembrar da história da mãe, que passava meses sem poder falar com as irmãs que moravam na Bahia, naqueles tempos em que WhatsApp não existia e ligações eram custosas. Lembra?

Durante um momento de autoconhecimento e entendimento de como ela iria se relacionar com a carreira que escolhesse seguir, entendeu que o caminho precisava unir tecnologia e pessoas.

"Pensei 'quero trabalhar com tecnologia porque acho que de algum modo isso pode melhorar a vida das pessoas'. Aí procurei cursos para fazer, escolas. Meu irmão recebeu umas indicações e a Tera estava no meio. Disseram que a Tera tinha um conteúdo técnico mas de forma humana, e foi isso que pegou a gente."

Os caminhos da Valéria e da Tera se cruzaram no início de 2020, quando ela ingressou no bootcamp de UX Design. Entender sobre as ferramentas que iriam garantir um bom desempenho na área era esperado, mas ela se surpreendeu quando percebeu que o aprendizado estava indo muito além do técnico, estimulando uma mentalidade ética e humanizada nos estudantes.

“Durante os papos nas aulas, era falado pra gente o que não era esperado de um designer, que não era gerar ansiedade nas pessoas, gerar depressão. E as pessoas esquecem de falar disso. A gente tá sempre preocupado em como vender mais, como fazer mais rápido. E ali teve um momento em que um profissional parou e falou 'isso aqui não é legal'. E eu fiquei pensando: quantas escolas estão mostrando para a gente o que é ser um bom profissional, não do aspecto técnico, mas do aspecto humano? Esse foi um dos processos em que eu me encantei pela Tera."

Não demorou muito para colocar todos os aprendizados em prática. Passou a compor o time da Zup antes mesmo de concluir o curso e recebeu a missão de criar ótimas experiências para colaboradores. Mais uma surpresa foi notar que os conhecimentos técnicos poderiam ser replicados de perto na rotina de trabalho. Isso gerou mais segurança para a nova atuação. 

“Geralmente quando a gente faz um curso a gente aprende e replica de outra forma. E na minha última semana de Tera eu comecei a trabalhar. Então eu ia para a Tera e alguém falava 'vamos fazer matriz SD hoje' e eu chegava no trabalho e alguém falava 'hoje nós vamos fazer matriz SD'. Isso me surpreendeu muito porque eu sempre tive que adaptar muito o que eu via nos cursos para aquela realidade e ali no processo que eu passei com a Tera era muito atualizado."

Para além de ferramentas, criação de wireframes, protótipos, pesquisas e mapas de jornada, Valéria evoluiu ainda mais em sua compreensão de quem queria ser como profissional.

“Não vão te ensinar só ferramentas, vão te ensinar sobre pensamento crítico, autoconhecimento, propósito.”

PENSANDO O DIVERSO NA CRIAÇÃO DE SOLUÇÕES MAIS HUMANAS EM UX

A visão que Valéria já tinha sobre pessoas e a segurança de aplicar os conhecimentos adquiridos de forma tão palpável na rotina de trabalho resultaram em projetos que deixam qualquer expert com sentimento de orgulho. Vamos compartilhar algumas das principais iniciativas que Val liderou e participou em apenas 7 meses de Zup.

Employee Experience

Nos primeiros sete meses de Zup, ela conduziu iniciativas para aperfeiçoar o processo de employee experience. O papel de designer de serviços envolve o desenho de toda a jornada de alguém que passa a atuar na empresa, da seleção ao desligamento, passando pela integração e até mesmo por processos como solicitação de férias, mudanças de cargos e retorno de licenças.

“Desde o aceite da proposta, do primeiro dia, existe uma jornada e a gente desenha e redesenha as jornadas mais ideais possíveis para que a pessoa se sinta confortável e sinta que fez a escolha certa”.

Com a pandemia, o desafio aumentou, mas também aumentaram as chances de pensar em soluções humanizadas para um momento tão delicado. Foi o que Valéria fez. No início da pandemia, sugeriu na empresa a implementação de terapia online gratuita para colaboradores. 

Também pensando no processo de humanização, participou da criação de uma central de atendimento para os “zuppers”, com objetivo de solucionar dúvidas sobre processos e etapas sem a impessoalidade que o contato à distância pode trazer. Ela ainda trabalhou na remodelação do processo de onboarding, pensando como a empresa poderia acolher novas pessoas da forma mais calorosa possível. 

Diversidade

Para Valéria, o principal desafio tem sido disseminar o entendimento que, para além dos processos e soluções, estamos falando de pessoas.  

“Quando a gente fala de experiência de pessoas, a gente precisa entender que as pessoas não são iguais. As pessoas são plurais, então eu comecei a me movimentar dentro da empresa, trazendo algumas pautas.”

As conversas com times de diferentes áreas abordaram temas como racismo, viés inconsciente e desenvolvimento de tecnologias que respeitem as pessoas usuárias em suas individualidades. O movimento deu resultado e culminou em um mapeamento das dores da empresa que, por sua vez, gerou o entendimento de que uma equipe voltada para diversidade era fundamental.

No início de novembro, foi convidada a integrar esse time de Diversidade da Zup, e vai passar a  pensar diretamente em soluções que sejam mais inclusivas. A gente consegue imaginar a empolgação da Val com esse novo projeto tão relevante. 

Em setembro, ela também mobilizou uma ação de mentoria em que profissionais da Zup colaboraram com o projeto UX para Minas Pretas, uma iniciativa que promove a equidade de mulheres pretas no mercado de tecnologia. 

Um dos projetos que eu tive a oportunidade de fomentar foi dentro da Zup usar o tanto de profissionais que tinham ali, com gabarito, cheios de conhecimento, para dar mentoria pras minas da comunidade UX para Minas Pretas. Foi uma iniciativa pessoal minha e de mais duas designers pretas. A gente fez uma parceria com elas para fazer um projeto com 20 meninas que participam da comunidade. Pegamos os designers da Zup, elas sugeriram temas que gostariam de trabalhar e a gente trabalhou dando mentoria durante um mês.”

O modelo, inspirado no formato hackathon, resultou em projetos que pensaram soluções de apoio a comunidades quilombolas, saúde mental da população preta, transição de carreira, apoio ao desenvolvimento, carreira e reinserção de mulheres pretas no mercado de trabalho.

MUITAS VALÉRIAS POR AÍ? QUEREMOS

“Meu principal sonho é estar em uma posição estratégica em que eu consiga mudar a realidade de pessoas como a Valéria - uma mulher preta - na sociedade. Chegar em um lugar em que consiga impactar outras vidas estrategicamente.”

A transformação que Valéria teve na carreira já tem se refletido em impacto na vida de outras pessoas. Ela deixa algumas sugestões e conselhos que agregam não apenas a profissionais de UX, mas a quem quer pensar e desenvolver soluções mais humanas. 

Ouvir as pessoas

"Parece óbvio, mas às vezes a gente pensa nas soluções de acordo com o que está sentindo. Mas a dor da outra pessoa pode ser diferente, porque ela tem uma trajetória diferente. Quando a gente pensa em tecnologia, ao escutar o que as pessoas estão vivendo, o que elas estão sentido, fica mais fácil solucionar os problemas, porque você encontra o problema certo."

Sempre buscar conhecimentos diferentes

"Tire um dia para estudar as plantas, ou por que tá chovendo, por exemplo. Quando a gente começa a olhar conteúdos diferentes, isso começa a abrir nossa mente e mostra que a gente sabe tão pouco de tudo. Ainda que você seja especialista em experiência do usuário, você sabe tão pouco. Então, não pare de  buscar conhecimento, porque isso fortalece modos de aprendizado. Quando você começa a entender como você aprende, todo o processo fica mais fluido para você, pra você encontrar uma solução,pra você escutar as pessoas e pra trazer um bom resultado."

Recomeçar sempre que for preciso

“Um dos aprendizados que minha mãe me passou é que tá tudo bem recomeçar quantas vezes você achar que vai ser necessário. Você vai conseguir recomeçar, é possível. Mas você não precisa desistir das coisas que você acredita, não precisa passar por cima dos seus valores para conseguir alguma coisa. Ela é minha grande inspiração e, se eu não desisto, é porque eu quero que ela tenha um hoje e um amanhã melhor também, como o que ela fez por mim.”

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Contar a história da Val é um privilégio para a gente aqui da Tera. Sabemos que cada trajetória é atravessada por múltiplas experiências e é incrível saber que pessoas como a Valéria passaram pela nossa comunidade e foram impactadas positivamente. Ao mesmo tempo que levou o que aprendeu na Tera para a carreira, ela também nos ensina e inspira com sua visão sobre pessoas e sociedade. 

Aqui na Tera, acreditamos que tecnologia e conhecimento devem servir ao bem coletivo e temos como missão ajudar pessoas a criar um futuro promissor e transformador. Se você, como a Valéria, também está em busca de uma transição para UX Design, conheça o bootcamp de User Experience Design da Tera e abrace a chance de transformar sua carreira.