Vamos mostrar como funciona o Duplo Diamante e como você pode utilizar esse framework em seus projetos de UX Design .
Ferramentas e abordagens de design nos ajudam a desenhar boas experiências por meio de suas aplicações, e se torna muito importante conhecer essas ferramentas e novidades para um cotidiano com processos mais concisos e entregando o que realmente gera valor às pessoas usuárias.
Essas ferramentas e abordagens podem ser úteis em diversas situações que envolvem uma rotina com soluções de problemas difíceis.
Em uma abordagem centrada na pessoa usuária, focamos nas necessidades e objetivos da mesma, e são elas que guiarão o processo. Designers atuam nessa abordagem como tradutores dessas necessidades e objetivos.
E dentre essas abordagens, há a abordagem de Duplo Diamante, em que há um “ritmo” para solução de problemas difíceis, iniciando em descobertas e passando por definição e desenvolvimento a caminho da solução.
Vamos falar sobre essa abordagem em nosso artigo, vamos lá?
O Duplo Diamante pode ser compreendido como uma abordagem que começou a ser compartilhada com o mundo a partir de 2009 pela Design Coucil, que é uma instituição de caridade que tem a missão de "defender um ótimo design que melhore vidas e melhore as coisas", segundo o fundador Hugh Dalton.
E já não faz muito tempo que o mercado vem se interessando pela forma como designers solucionam problemas. O Duplo Diamante propõe um processo de raciocínio durante a solução de problemas por meio de design. Ele leva em conta, diversos pontos em comum no processo criativo de pessoas designers, e isso justifica o fato de o Duplo Diamante estar imerso em rotinas de trabalho de diversos times de design no Brasil.
Os problemas solucionados podem variar quanto ao tamanho e responsabilidades envolvidas na entrega final, e essa abordagem de pensamento não foca diretamente em soluções, que geralmente são muito pensadas no momento inicial.
O Duplo Diamante vai divergir e convergir. O que significa que você terá grandes insights em momentos em que estiver divergindo, e tomando decisões para próximos passos ou entrega quando convergir.
Durante o pensamento divergente, pessoas designers e não designers conseguem criar ideias de forma espontânea. E mesmo tendo encontrado algo que possa parecer uma resposta para o problema que você quer solucionar, conseguirá considerar outras ideias que surgirem. Os diálogos em grupo envolvem diversos pontos de vista em um pensamento divergente.
Aqui, estamos falando de etapas iniciais do diamante, por exemplo, como o processo de descoberta, que pode envolver a utilização de uma chuva de ideias (brainstorm) para analisar outros pontos de vista sobre o problema. A escolha da melhor metodologia vai variar de equipe para equipe.
E nos momentos em que o diamante está convergindo, está tomando um rumo mais rápido, pois foca em velocidade, segunda a psicóloga Joy Paul Guilford.
O pensamento de design guiado pelo raciocínio de Duplo Diamante se divide em quatro etapas:
Descoberta;
Definição;
Desenvolvimento;
Entrega.
No curso de UX Design da Tera, utilizamos esta abordagem como contato inicial em UX Design para quem está migrando para área ou adquirindo novas habilidades. Vamos às etapas, para você compreender melhor uma por uma.
Este é o primeiro diamante e ele nos ajuda a compreender o problema que queremos solucionar. Nossa mente foi educada a gerar insights visando a solução imediata de problemas, e aqui somos colocados no exercício de antes, absorvermos aprendizados sobre o problema que queremos resolver. É comum escutar, que nesta etapa você e sua equipe estão “abrindo” o diamante, pois estão divergindo.
E isso envolve compreender mais sobre o ecossistema do problema, onde está inserido, e como ocorre. Claro, sem levantarmos ou validarmos hipóteses. Aqui nosso projeto está em início e utilizamos o pensamento divergente, abertos a amplo território de ideias das designers participantes.
É comum vermos outros nomes para esta etapa em processos de design de times diversos da nossa comunidade de UX Design, como Explorar, Entender ou Imergir. O nome pode mudar, porém aqui temos o mesmo objetivo.
Segundo o livro A study of the design process, da Conciul Design, Reino Unido, a Starbucks envia suas designers para suas lojas, no objetivo de fazê-las imergir na realidade do café e na experiência que o negócio proporciona.
Esta etapa estimula a troca criativa entre pessoas designers e não designers envolvidas no projeto. E possui dinâmicas que tornam a troca de ideias confortável.
Podemos compreender a maioria dos problemas que iremos solucionar por meio de design como, “Wicked Problems”, ou problemas perversos. São problemas que são compreendidos de forma mais consistente após a formulação da solução.
No artigo “Problemas em um mundo complexo” publicado na Tentaculus, Cali (Renato Caliari) escreve sobre o que podemos entender como um “problema” e quais “tipos de problemas” possuímos neste ecossistema digital.
Esta etapa nos aproxima do problema que queremos solucionar, então após checar informações, entender, imergir e observar, nos aproximamos do problema complexo que queremos solucionar por meio de design. Nesta etapa, você e sua equipe estão “fechando” o primeiro diamante e estão, portanto, divergindo.
Na etapa de descoberta, diversas ideias provavelmente surgiram e aqui, vamos diminuir o excesso para chegar mais perto do problema que queremos solucionar.
E para seguirmos para esta etapa de forma consistente, precisamos compreender um dos princípios essenciais em UX Design e carreiras digitais: “Não seremos heroínas!” e aqui com isso queremos dizer que diversos problemas complexos podem surgir relacionados que queremos solucionar, porém precisamos compreender o que solucionaremos e o que se torna viável para o momento e objetivo do projeto.
E, novamente, você poderá encontrar outros nomes para essa etapa: Ideia, Síntese etc., mas, como dito anteriormente, o objetivo será o mesmo.
E nesta etapa coletamos informações da etapa anterior, que possui uma identidade aberta a diversas ideias e insights, para afunilar e, assim, promover direcionáveis que nos ajudarão a desenvolver uma ideia. Afinal, ao fim da etapa de definição teremos uma visão sobre o problema que pretendemos solucionar.
Isso nos ajudará a iniciar o desenho da solução em próximas etapas. Aqui, também compreenderemos se a solução que queremos desenhar anda ao lado das necessidades do negócio, se sua organização possui capacidade de produção e se possui território técnico para que ela seja desenvolvida.
Em muitas organizações, o final desta etapa está próximo do que podemos compreender como a Aprovação do conceito, que resultará no sinal verde para iniciarmos o desenho da solução. Porém, é importante termos em mente que a estratégia não estará completa ou fechada, pois não finalizamos o Duplo Diamante.
Nesta etapa, possuímos sinal verde para iniciar o desenho de nossa solução. Sabemos sobre o problema que queremos atacar e possuímos um conceito, que foi aprovado junto à equipe na etapa anterior. O pensamento que nos guiará aqui será divergente, pois estamos “abrindo” novamente para, na próxima etapa, convergir.
E neste etapa a sua equipe vai se juntar a outras áreas para construírem a solução que pretendem desenhar, como o Time de Marketing, Desenvolvimento, Produto ou Relacionamento com cliente. Uma equipe multidisciplinar vai garantir diversos olhares sobre o que está sendo desenvolvido e uma solução para diversas pessoas, e não apenas para um único segmento.
Cada papel será importante para que construam uma experiência que solucione a dor da pessoa participante da jornada que pretendem desenhar por meio de design e negócios. Aqui, ferramentas de sintetização de ideias, prototipagem e conceitos para o Mínimo Produto Viável (MVP) são utilizadas.
Aqui, estamos desenvolvendo protótipos e testando nossa possível solução, para enfim chegar à etapa de entrega, com algo que esteja bem próximo do serviço, produto, experiência ou projeto final.
Você e seu time testarão o produto ou experiência e validarão com as pessoas impactadas se a dor atacada desde o início foi solucionada. O projeto pode ser revisitado em diversos pontos nesta etapa, pois o processo é orgânico.
Com novos insights, olharemos novamente para diversos pontos dos diamantes anteriores. Isso nos fará ter uma entrega consistente e síncrona com as necessidades da pessoa participante da jornada que desenhamos.
Após abrir e fechar nosso Duplo Diamante, chegamos à etapa final, onde validaremos por meio de testes finais os últimos pontos para entregar.
Aqui, você e seu time também poderão retornar a outros momentos do Duplo Diamante para ajustes finais de jornada, para que a documentação do processo também esteja em linha com descobertas e aprendizados obtidos após pesquisas, testes e validações.
O produto, experiência, serviço ou projeto que estamos desenhando por meio de design será apresentado à pessoa stakeholder e entregue ao cliente ou pessoa usuária final.
Mas não acaba aqui, pois o processo que chegou ao final é o processo de design. O produto, experiência, serviço ou projeto será lançado e, após usos, atingirá pessoas participantes da jornada, gerando feedbacks para melhorias, reparação de erros ou contato, o que fará você e sua equipe visualizarem o impacto da entrega.
A performance da entrega também será acompanhada por meio de dados, para vocês entenderem como ela impactará os objetivos do negócio ou pessoa decisora no projeto.
Esse framework pode ser utilizado para diversos projetos onde a resolução de problemas complexos e soluções precisam surgir. E, como citamos anteriormente, o Duplo Diamante é utilizado como guia para nosso processo durante o curso de UX Design da Tera.
Veja como um grupo de estudantes de uma de nossas turmas utilizou o Duplo Diamante em um projeto voltado para o engajamento de pessoas eleitoras para um voto consciente no Brasil.
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Esperamos que este conteúdo tenha ajudado você a ampliar sua visão sobre o que é o Duplo Diamante e como esse framework pode ser útil em equipes de designers e não designers.
Convidamos você a compartilhar este artigo em seu LinkedIn, pois assim este aprendizado circulará e será útil para mais pessoas na comunidade de UX.