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Liderança Situacional: o que é, estilos e como aplicar na prática

Escrito por Redação Tera | 29 Jul

Não existe um único estilo de liderança que funcione sempre. Times mudam, pessoas evoluem e os desafios variam. A Liderança Situacional propõe exatamente isso: adaptar a forma de liderar conforme a maturidade da equipe e o contexto, para alcançar melhores resultados.

Neste guia, você vai entender como funciona esse modelo, os quatro estilos de liderança, quando aplicar cada um e como usar essa abordagem no dia a dia para desenvolver pessoas e aumentar a eficácia do time.

O que é Liderança Situacional?

Liderança Situacional é a capacidade de adaptar o estilo de liderança conforme o contexto e a necessidade do time. Em outras palavras, não existe um único “jeito certo” de liderar. Tudo depende do momento, do nível de maturidade da equipe e do desafio que está na mesa.

O conceito surgiu para combater uma ideia antiga: a de que liderança é um conjunto fixo de comportamentos. Na prática, essa rigidez não funciona. Times são dinâmicos, pessoas evoluem, cenários mudam. E um líder que não acompanha essa mudança perde engajamento, produtividade e resultados.

O que significa ser situacional na prática?

Ser um líder situacional é observar e ajustar. É ter sensibilidade para responder a perguntas como:

  • O time tem experiência suficiente para atuar com autonomia?
  • Essa pessoa está motivada ou precisa de suporte extra?
  • O momento pede direcionamento firme ou espaço para experimentação?

Essa adaptação traz benefícios claros:

  • Mais motivação e confiança do time
  • Desenvolvimento acelerado de competências
  • Maior eficácia nas entregas e alinhamento com metas

Por que isso é essencial hoje?

Vivemos em um cenário de transformação constante: times híbridos, produtos digitais, demandas ágeis. Um líder que insiste em aplicar o mesmo estilo para todos e para tudo vai criar gargalos e desmotivação.

A Liderança Situacional resolve isso porque:

  • Respeita o nível de maturidade e autonomia de cada pessoa
  • Reduz o risco de microgerenciamento ou abandono
  • Cria um ambiente seguro para evoluir, sem perder foco nos resultados

Os 4 estilos de Liderança Situacional

A Liderança Situacional é baseada em um princípio simples: cada pessoa (ou time) precisa de um tipo diferente de liderança, dependendo da sua maturidade e do contexto.

Para isso, o modelo define quatro estilos, que variam de acordo com dois fatores:

  • Nível de orientação (quanto o líder direciona)
  • Nível de suporte (quanto o líder apoia e motiva)

Vamos conhecer cada um:

1. Direcionador (S1): Alta orientação, baixo suporte

É o estilo mais diretivo. Aqui, o líder diz exatamente o que precisa ser feito, como e quando. Ele acompanha de perto e dá instruções claras, passo a passo.

Quando usar:

  • Pessoas em período de onboarding
  • Profissionais assumindo um novo cargo
  • Situações críticas que exigem execução rápida

Exemplo:

Um novo analista entrou no time e precisa configurar uma ferramenta pela primeira vez. O líder explica cada etapa, revisa o trabalho e dá feedback imediato.

2. Orientador (S2): Alta orientação, alto suporte

Além de direcionar, o líder apoia ativamente e motiva. Ele ainda dá instruções, mas começa a abrir espaço para participação e aprendizado.

Quando usar:

  • Profissionais que já conhecem o básico, mas ainda precisam de confiança
  • Momentos de mudança, quando a equipe precisa de segurança

Exemplo:

O colaborador já aprendeu a usar a ferramenta, mas agora precisa criar uma automação mais complexa. O líder explica a lógica, dá exemplos e acompanha para garantir que a pessoa se sinta segura.

3. Apoiador (S3): Baixa orientação, alto suporte

Aqui, a equipe já tem competência técnica, mas pode sentir insegurança ou falta de motivação. O papel do líder é ouvir, dar suporte emocional e ajudar na tomada de decisão quando necessário.

Quando usar:

  • Profissionais experientes que estão desmotivados
  • Situações em que a autonomia existe, mas falta engajamento

Exemplo:

O desenvolvedor sênior domina a tecnologia, mas está inseguro sobre uma decisão de arquitetura. O líder conversa, questiona, ajuda a avaliar riscos, mas não impõe uma solução.

4. Delegador (S4): Baixa orientação, baixo suporte

É o nível máximo de autonomia. O líder confia plenamente no time, delega metas e deixa que as decisões sejam tomadas de forma independente.

Quando usar:

  • Times maduros, com alta competência e motivação
  • Profissionais sêniores com domínio do processo

Exemplo:

O time já roda sprints de forma eficiente. O líder define apenas o objetivo estratégico, acompanha indicadores e atua como facilitador quando necessário.

Como saber qual estilo usar (níveis de maturidade da equipe)

Não basta conhecer os quatro estilos de liderança. O segredo está em escolher o estilo certo para cada pessoa, em cada momento.

Para isso, o modelo de Liderança Situacional usa os níveis de maturidade da equipe, que combinam duas variáveis:

  • Competência: conhecimento, experiência e habilidade para executar a tarefa
  • Motivação: confiança, engajamento e vontade de assumir responsabilidades

Essas duas dimensões criam quatro níveis (M1 a M4). Vamos entender:

M1: Baixa competência, alta dependência

  • A pessoa ainda está aprendendo. Não domina processos nem ferramentas.
  • Geralmente é um iniciante ou alguém assumindo um novo papel.

O que precisa: Direcionamento claro, passo a passo, supervisão próxima.

Estilo indicado: Direcionador (S1).

M2: Alguma competência, motivação instável

  • Já conhece o básico, mas ainda não se sente totalmente segura.
  • Oscila entre confiança e insegurança.

O que precisa: Orientação para aprender mais e motivação para ganhar confiança.

Estilo indicado: Orientador (S2).

M3: Boa competência, motivação variável

  • Tem habilidade técnica, mas pode faltar confiança ou engajamento.
  • Pode precisar de reforço para assumir decisões.

O que precisa: Apoio emocional e incentivo, não controle.

Estilo indicado: Apoiador (S3).

M4: Alta competência, alta autonomia

  • Domina processos, tem confiança e motivação para agir.
  • Pode trabalhar de forma independente e tomar decisões com segurança.

O que precisa: Liberdade para atuar, clareza sobre metas e confiança do líder.

Estilo indicado: Delegador (S4).

O nível de maturidade não é fixo. Ele pode mudar com o tempo, dependendo de:

  • Da experiência acumulada
  • Da complexidade da tarefa
  • Do estado emocional e engajamento da pessoa

Por isso, liderança situacional é uma adaptação contínua, não uma classificação permanente.

Como aplicar a liderança situacional no dia a dia

Saber os conceitos é importante, mas a força da liderança situacional está na prática diária. A adaptação não acontece por acaso. É um exercício consciente de observação, leitura de contexto e ajustes na forma de conduzir o time.

Aqui estão alguns passos para aplicar no dia a dia:

1. Comece observando sinais

Antes de definir o estilo, pergunte:

  • A pessoa domina a tarefa?
  • Parece segura ou está com dúvidas?
  • Está engajada ou desmotivada?

Erro comum: assumir que o nível de maturidade é fixo. Ele pode mudar conforme a complexidade do projeto ou o momento pessoal do colaborador.

2. Ajuste a abordagem, não a expectativa

A meta não muda, mas a forma de apoiar sim:

  • Para quem está em M1, seja claro e presente
  • Para quem está em M4, confie e delegue
  • Para níveis intermediários, misture suporte com autonomia

Erro comum: usar um único estilo para todo o time. Isso cria sobrecarga (para o líder) e frustração (para o time).

3. Combine orientação com autonomia progressiva

Mesmo em times maduros, não abandone a comunicação:

  • Estabeleça check-ins regulares
  • Use feedbacks contínuos para ajustar rotas
  • Mostre que está disponível, mesmo quando delega

Erro comum: confundir delegação com ausência. Deixar o time “solto” sem clareza ou acompanhamento pode gerar falhas e insegurança.

4. Esteja atento a sinais emocionais

Competência técnica não é tudo. Motivação, engajamento e confiança mudam:

  • Uma pessoa M4 pode regredir temporariamente se assumir um desafio muito novo
  • Um colaborador desmotivado pode precisar de mais apoio emocional do que técnico

Erro comum: ignorar o lado humano e achar que liderança situacional é só “mudar processo”. Ela envolve empatia e leitura social.

5. Comunique a lógica

Explique ao time por que você ajusta sua forma de atuar:

  • Isso evita interpretações erradas (como microgerenciamento ou falta de atenção)
  • Cria um ambiente de confiança e clareza

Exemplo prático: adaptando a liderança em um projeto digital

Imagine que você é líder de um time responsável por implementar uma nova funcionalidade em um app financeiro. O objetivo é entregar uma experiência mais simples para cadastro de clientes, mas a equipe é heterogênea: uma pessoa júnior recém-contratada, um designer pleno com boa bagagem e uma desenvolvedora sênior experiente.

Como aplicar a liderança situacional aqui?

Para a pessoa júnior (M1, Direcionador)

Ela está no período de onboarding e ainda não domina processos nem ferramentas do time.

O que você faz:

  • Define tarefas claras, com prazos e instruções detalhadas
  • Acompanha de perto as primeiras entregas
  • Dá feedback rápido para corrigir rotas

Por que isso funciona: a pessoa precisa de clareza e segurança para ganhar confiança e avançar.

Para o designer pleno (M2, Orientador)

Ele conhece a base, mas nunca trabalhou com testes A/B, algo crítico no projeto.

O que você faz:

  • Explica a lógica dos experimentos e dá exemplos práticos
  • Participa das primeiras decisões, mas incentiva que ele proponha caminhos
  • Mantém conversas frequentes para tirar dúvidas e motivar

Por que isso funciona: mistura direção com apoio, permitindo aprendizado sem deixar a pessoa sozinha.

Para a desenvolvedora sênior (M4, Delegador)

Ela já domina a tecnologia e entende bem a arquitetura do sistema.

O que você faz:

  • Alinha objetivos e restrições, mas não define o “como”
  • Dá autonomia para ela decidir abordagens técnicas
  • Mantém um canal aberto para desbloqueios estratégicos, não operacionais

Por que isso funciona: a pessoa precisa de espaço e confiança, não de controle.

Conclusão

Liderança Situacional não é improviso. É consciência. É entender que cada pessoa e cada contexto pedem um tipo diferente de apoio.

Quando você ajusta seu estilo, não só melhora resultados, como também desenvolve pessoas, aumenta engajamento e cria um time mais autônomo.

Liderar bem não é aplicar um modelo fixo. É ter clareza da meta, sensibilidade para ler o cenário e coragem para adaptar a forma de conduzir.

Liderar é evoluir junto com o time.