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Comunicação assertiva: O que é e como aplicar [+exemplos]

Escrito por Redação Tera | 6 Jul

Em ambientes digitais, onde tudo acontece rápido, à distância e por mensagem, saber se comunicar com clareza, respeito e firmeza é mais do que uma habilidade: é uma vantagem competitiva.

A comunicação assertiva é o que permite que ideias sejam compreendidas, limites sejam respeitados e decisões sejam tomadas com maturidade. Neste conteúdo, você vai entender o que é, por que ela é essencial no trabalho e como começar a praticar de forma natural e eficaz.

Aqui você vai encontrar:

O que é comunicação assertiva? Por que ela importa no mundo digital?

“Fale o que pensa, mas com respeito.”

“Se imponha, mas sem ser grosso.”

“Seja direto, mas não agressivo.”

Você provavelmente já ouviu conselhos assim. Eles fazem sentido, mas, na prática, deixam um grande ponto de interrogação: como fazer isso de forma natural, profissional e eficaz?

Essa habilidade tem nome: comunicação assertiva.

E, se você está construindo uma carreira em tecnologia, produto, dados, UX ou estratégia, ela é mais do que um diferencial. É um requisito silencioso para crescer.

Afinal, o que é comunicação assertiva?

Comunicação assertiva é a capacidade de expressar ideias, opiniões e necessidades com clareza, confiança e respeito, sem agredir, sem se omitir e sem mascarar o que realmente importa.

Ser assertivo não significa “falar mais alto”, “vencer discussões” ou “impor autoridade”. Significa construir pontes entre o que você pensa e o que o outro entende. É saber se posicionar com segurança, mesmo quando há tensão, conflito ou divergência.

Em um contexto digital, onde grande parte da comunicação acontece por mensagens escritas, chamadas rápidas ou reuniões remotas, essa clareza se torna ainda mais crítica. Não dá para contar com o “olhar”, com a linguagem corporal ou com a pausa no café para consertar mal-entendidos. Você precisa que sua mensagem funcione na primeira tentativa.

Por que ela importa tanto em ambientes digitais?

Em equipes digitais, especialmente em empresas de tecnologia e produto, comunicação não é apenas uma questão de estilo. É parte do trabalho técnico.

Pense em alguns cenários típicos:

  • Um analista precisa explicar um insight de dados para uma área que não é técnica.
  • Uma designer júnior sente que o projeto está saindo dos trilhos, mas não sabe como trazer isso para a equipe.
  • Uma pessoa PM precisa alinhar expectativas com stakeholders e dizer “não” para uma demanda urgente, sem gerar ruído.
  • Uma profissional em transição de carreira está insegura em se posicionar nas reuniões por medo de parecer despreparada.

Em todos esses momentos, a falta de comunicação assertiva não é apenas um problema de imagem. É um risco de produtividade, colaboração e crescimento.

A diferença entre ser notado e ser compreendido

Muita gente confunde assertividade com “se destacar” ou “mostrar presença”. Mas, em ambientes digitais, ser notado é fácil. Basta falar muito, marcar todo mundo, usar CAPS LOCK ou fazer apresentações chamativas.

O desafio real é ser compreendido. Ser a pessoa que comunica com clareza, que economiza o tempo dos outros, que resolve mal-entendidos com elegância e que faz a equipe avançar.

Pessoas assim são valorizadas. Elas são promovidas, ouvidas, lembradas. Não porque “falam bem”, mas porque facilitam o trabalho em equipe e tomam decisões com maturidade.

A diferença entre comunicação passiva, agressiva e assertiva (com exemplos reais)

Para muita gente, assertividade ainda é um conceito meio nebuloso, especialmente quando tentamos diferenciá-la de outros estilos de comunicação. Afinal, como saber se você está sendo assertivo ou simplesmente soando agressivo? Ou, pior, se está sendo passivo e deixando de se posicionar?

Entender essas diferenças é o primeiro passo para ajustar sua forma de se comunicar no ambiente profissional. Vamos traduzir esses estilos de maneira direta, com exemplos do dia a dia em times de produto, dados, UX e negócios.

Comunicação passiva: o medo de incomodar

A comunicação passiva acontece quando você evita expressar suas opiniões, dúvidas ou limites, por medo de desagradar, causar conflito ou parecer "difícil".

Exemplo real:

Um analista de dados percebe que o briefing está incompleto, mas não diz nada na reunião. Ele pensa: “Melhor não levantar isso agora. Depois eu vejo com alguém.”

Resultado: ele perde tempo com retrabalho, e o projeto atrasa.

Pessoas com esse estilo geralmente:

  • Dizem “sim” quando queriam dizer “não”.
  • Ficam em silêncio quando algo está errado.
  • Se sentem frustradas, mas não conseguem expressar.

Impacto: Ficam invisíveis, acumulam frustrações e correm o risco de parecerem desengajadas ou pouco proativas, mesmo sendo competentes.

Comunicação agressiva: a urgência de vencer

Na comunicação agressiva, a pessoa se expressa de forma impositiva, ríspida ou desrespeitosa, mesmo que não perceba isso conscientemente. A intenção pode ser “resolver rápido” ou “mostrar clareza”, mas o tom e a postura rompem a colaboração.

Exemplo real:

Um(a) product manager recebe uma sugestão da equipe de design e responde:

“Isso não faz sentido. A gente já discutiu isso. Vamos focar no que é prioridade.”

Resultado: a equipe se sente desvalorizada e desmotivada a contribuir.

Pessoas com esse estilo geralmente:

  • Interrompem os outros.
  • Usam tom de crítica ou sarcasmo.
  • Falam para se impor, não para construir.

Impacto: Podem até ser ouvidas no curto prazo, mas geram tensão, medo ou silêncio no time. E isso bloqueia a inovação.

Comunicação assertiva: clareza com respeito

A comunicação assertiva está no meio do caminho, é o equilíbrio entre expressão clara e consideração pelo outro. A pessoa compartilha sua opinião ou necessidade sem hesitação, mas de forma construtiva e aberta ao diálogo.

Exemplo real:

Um(a) designer sente que o prazo está irreal e diz:

“Com o prazo atual, corremos o risco de entregar uma solução que não foi bem testada. Posso mostrar o que conseguimos entregar com qualidade nesse tempo, e o que precisaríamos para ir além.”

Resultado: a equipe revê prioridades sem drama e mantém a qualidade.

Pessoas assertivas geralmente:

  • Se posicionam com tranquilidade.
  • Sabem dizer “não” de forma respeitosa.
  • Buscam soluções, não culpados.

Impacto: Geram confiança. Facilitam o trabalho em equipe. Contribuem para um ambiente onde ideias circulam com segurança psicológica, um dos pilares das melhores empresas do mundo, inclusive no Brasil.

Por que isso importa tanto em equipes digitais?

Em empresas digitais, especialmente em contextos ágeis, remotos ou híbridos, a qualidade da comunicação determina a velocidade do time.

Times onde todo mundo espera ordens, evita conflito ou entra em choque constante com o outro... não evoluem.

Times onde as pessoas se comunicam com assertividade tomam decisões melhores, aprendem mais rápido e constroem produtos mais relevantes.

E a boa notícia? Assertividade não é traço de personalidade. É habilidade treinável.

5 práticas para desenvolver comunicação assertiva no dia a dia

Você não precisa virar outra pessoa para se comunicar com mais firmeza e clareza. Não precisa mudar seu jeito de falar, seu sotaque, nem decorar frases de efeito.

Comunicação assertiva não é sobre parecer “mais profissional”.

É sobre se expressar de forma honesta, consciente e respeitosa, mesmo nas pequenas interações do dia a dia.

Separamos aqui cinco práticas simples, que cabem na rotina de qualquer pessoa em transição ou início de carreira. O foco é o ambiente digital: times remotos ou híbridos, reuniões online, mensagens no Slack ou e-mails curtos.

1. Comece com a intenção clara: o que você quer comunicar?

Antes de escrever ou falar, pergunte a si mesmo:

“Qual é a mensagem principal que quero passar?”
“Quero informar, pedir ajuda, sugerir algo ou expressar um limite?”

Muita gente se perde tentando ser educada, simpática ou “politicamente correta”, e esquece do objetivo. A comunicação assertiva começa com clareza interna.

Dica prática:

Escreva a mensagem em forma de rascunho com apenas uma frase direta. Depois, adicione contexto ou nuances. Mas mantenha o foco principal claro desde o início.

2. Use frases na primeira pessoa: “eu penso”, “eu sinto”, “eu preciso”

Falar na primeira pessoa evita interpretações defensivas. Mostra que você está expressando sua perspectiva, e não julgando ou acusando alguém.

Compare:

  • ❌ “Esse briefing tá confuso.”
  • ✅ “Fiquei com dúvidas em alguns pontos do briefing. Posso confirmar com você antes de seguir?”

Falar assim mostra responsabilidade e maturidade, e abre espaço para diálogo.

Dica prática:

Treine reformular reclamações ou críticas como observações e perguntas baseadas na sua experiência direta.

3. Diga “não” com contexto e alternativas

Dizer “não” não precisa soar duro. O segredo está em explicar o motivo e, quando possível, oferecer caminhos alternativos.

“Não consigo revisar esse material hoje, mas posso te entregar até amanhã cedo com qualidade. Isso funciona pra você?”

Você não precisa aceitar tudo para ser visto como colaborativo. Pessoas assertivas cuidam do que prometem, e isso gera mais confiança no longo prazo.

Dica prática:

Tenha frases-chave que você possa adaptar, como:

  • “Não consigo agora, mas posso fazer X.”
  • “Preciso de mais contexto para ajudar melhor.”
  • “Prefiro dizer não a assumir algo que posso não entregar bem.”

4. Fale nos rituais, mesmo que seja com uma frase

Quem está começando muitas vezes acha que precisa falar “coisas inteligentes” nas reuniões. Isso trava. O objetivo, na verdade, é estar presente de forma consciente.

Mesmo uma fala simples como:

“Estou avançando com o fluxo do onboarding. Tive uma dúvida ontem, mas já resolvi. Tudo certo.”
…já mostra proatividade e clareza.

Dica prática:

Crie o hábito de entrar em cada reunião com uma frase preparada para contribuir. Pode ser uma atualização, uma dúvida ou um elogio. O importante é se colocar no jogo.

5. Peça feedback com intenção

A comunicação assertiva também envolve abrir espaço para ouvir. E uma das formas mais poderosas de crescer é pedir feedback, não como obrigação, mas como ferramenta de desenvolvimento.

“Queria saber como você sentiu a minha condução na apresentação. Tem algo que eu possa ajustar para melhorar da próxima vez?”

Isso mostra segurança, abertura e vontade de evoluir. E cria laços de confiança com o time.

Dica prática:

Defina um momento por semana para pedir feedback rápido a alguém do time. Pode ser por mensagem mesmo. Mantenha a pergunta objetiva e receptiva.

Essas práticas, feitas de forma consistente, criam uma base sólida de comunicação.

Você não precisa dominar tudo de uma vez. Comece com uma. Depois outra. E observe os resultados no seu dia a dia: mais fluidez, mais escuta, mais impacto.

Exemplos de frases, perguntas e posturas assertivas (sem parecer arrogante)

Ser assertivo não é sobre “falar bonito” ou parecer alguém que você não é.

É sobre encontrar formas simples e diretas de se comunicar, com clareza e empatia, mesmo em situações difíceis, como dar uma opinião impopular, recusar uma tarefa ou pedir algo para alguém mais experiente.

Para te ajudar nesse processo, reunimos abaixo um conjunto de frases, perguntas e atitudes assertivas que você pode adaptar ao seu estilo e usar no dia a dia com confiança.

Quando você precisa discordar sem causar conflito:

  • “Posso compartilhar uma perspectiva diferente?”
  • “Entendo seu ponto, e vejo outra possibilidade. Podemos explorar juntos?”
  • “Fiquei com uma dúvida sobre essa abordagem. Podemos conversar a respeito?”
Postura assertiva:

Mostre que você está colaborando, não confrontando. Use tom calmo, evite interrupções e sinalize abertura desde o início.

Quando precisa pedir mais clareza ou contexto:

  • “Você pode me explicar um pouco mais sobre o objetivo dessa tarefa?”
  • “Só para confirmar: o que seria prioridade aqui?”
  • “Tenho algumas dúvidas que podem ajudar a evitar retrabalho. Posso compartilhar?”
Postura assertiva:

Fazer perguntas não mostra fraqueza. Mostra atenção, responsabilidade e foco em fazer bem feito.

Quando precisa dizer “não” ou ajustar expectativas:

  • “Com o prazo atual, posso entregar X. Se precisarmos incluir Y, podemos alinhar um novo prazo?”
  • “Essa demanda está fora do meu escopo atual. Posso te indicar alguém ou ver como apoiar de outro jeito?”
  • “Hoje não consigo dar atenção a isso com a qualidade que gostaria. Posso te dar um retorno amanhã até o fim do dia?”
Postura assertiva:

Recusar com respeito é melhor do que aceitar por pressão e frustrar o resultado. Contextualize, proponha alternativas e mantenha o tom profissional.

Quando quer pedir feedback ou orientação:

  • “Queria saber como você percebeu minha participação nesse projeto. Tem algo que eu possa melhorar?”
  • “Estou buscando evoluir em comunicação com o time. Se tiver algo que eu possa ajustar, estou aberta(o) a ouvir.”
  • “Você tem alguma sugestão para eu tornar essa apresentação mais clara?”
Postura assertiva:

Quem pede feedback com sinceridade e intenção de melhorar transmite maturidade, e cresce mais rápido.

Quando quer se posicionar de forma construtiva:

  • “Acredito que essa ideia pode funcionar bem, e pensei em um complemento que pode trazer ainda mais impacto.”
  • “Tive uma percepção durante a reunião e queria compartilhar. Talvez possa contribuir com o projeto.”
  • “Gostaria de sugerir um caminho diferente, com base na minha experiência recente nesse tipo de tarefa.”
Postura assertiva:

Ao se posicionar com base em fatos ou vivências, você gera confiança. Fale de forma tranquila e esteja aberto(a) ao diálogo.

Comunicação assertiva não é dom: é prática

Se você chegou até aqui, já entendeu: comunicar-se com assertividade não é uma questão de “jeito”, perfil ou cargo. É uma habilidade, e, como toda habilidade, pode (e deve) ser desenvolvida.

Principalmente para quem está começando ou mudando de carreira, aprender a se expressar com clareza, segurança e respeito é o que diferencia quem apenas “executa tarefas” de quem cresce, se destaca e influencia positivamente o time.

Comece com pequenas atitudes no dia a dia. Reflita antes de responder. Faça perguntas com intenção. Diga “não” com contexto. Dê visibilidade ao seu pensamento. Peça feedback com curiosidade.

É assim, aos poucos, que se constrói a confiança: dos outros e, principalmente, a sua.