Qual é a diferença entre Design Thinking, Lean Startup e Agile?

Descubra qual dessas metodologias pode ser útil ao seu contexto corporativo e entenda que é possível unir conceitos e práticas para gerar resultados ainda melhores.

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Esse texto foi originalmente publicado com o título The Difference Between Design Thinking, Lean Startup, and Agile, por Steve Glaveski.
Este conteúdo foi publicado originalmente no Medium da Tera.

À medida que as grandes empresas começam a embarcar em planos de transformação audaciosos e montar equipes de inovação, mais profissionais, pessoas do universo corporativo estão sendo apresentadas a um mundo em que termos como design thinking, lean startup, ágil, pivotar, experimentar, falhar, adaptar entre outros são usados ​​quase indistintamente.

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Muitas pessoas são vítimas da lei do viés instrumental e, depois de participar de um workshop de um dia sobre design, carregam todos os seus ovos nessa cesta, mantendo a firme convicção de que o design thinking é a solução perfeita para suas dificuldades de inovação. O que essas pessoas não sabem é que esta é apenas uma etapa do processo.

Por serem usados como se fossem sinônimos, esses conceitos começaram a ficar confusos e muitos novos profissionais começam a questionar qual é a diferença entre design thinking, lean startup e ágil. A resposta é a base deste artigo.

O que é Design Thinking

O design thinking refere-se a estratégias criativas que as pessoas designers usam durante o processo de identificação de problemas ao projetar soluções.

Brainstorming, no seu sentido tradicional, é talvez uma das piores formas de se ter ideias; normalmente, ideias chegam até nós quando damos espaço para nossas mentes — enquanto fazemos uma longa caminhada na natureza, enquanto malhamos, quando estamos no chuveiro.

Elas tendem a não vir quando estamos em ambientes de intenso pensamento de grupo, quando estamos cercados por colegas e superiores e com apenas uma hora para chegar a idéias inovadoras que salvariam a empresa do fracasso.

No entanto, reunindo as pessoas certas, criando o ambiente adequado e usando as ferramentas ideais, pode-se melhorar drasticamente os resultados de um projeto.

É aí que entra o design thinking: essa “ferramenta” encaminha as pessoas envolvidas na construção do projeto por caminhos de inspiração, definição de problemas, geração de ideias, prototipagem e testes.

De acordo com Tim Brown, autor e CEO da consultoria de design de renome mundial, IDEO, “design thinking é uma abordagem de inovação centrada no ser humano que se baseia no toolkit da(o) designer para integrar as necessidades das pessoas, as possibilidades da tecnologia e os requisitos para o sucesso dos negócios.”

O que é Lean Startup?

Lean Startup, ou startup enxuta, é a ideia usada para transformar soluções propostas em modelos de negócios, sustentada por suposições que são testadas rápida e repetidamente com clientes reais. A intenção é separar a verdade da ficção, aprender e repetir o processo para fazer o ajuste do produto ao mercado.

Globalmente, cerca de 95% das startups falham e a razão número um é falha de mercado — construir o que ninguém sabe que existe, não ter pessoas interessadas em comprar ou pagar a mais do que você pagou inicialmente para ter um produto.

A metodologia lean startup nasceu no Vale do Silício no final dos anos 2000, mas teve suas raízes no sistema de produção enxuta da Toyota e na filosofia OODA do Departamento de Defesa dos EUA (observar, orientar, decidir, agir — que também é fundamental no método ágil). Ainda que o sistema da Toyota nos ensine como construir coisas com eficiência, ele não nos guia sobre o que construir para começar.

A startup enxuta é usada para experimentar rapidamente problemas, soluções, segmentos de clientes, canais de distribuição, canais de marketing, modelos de receita, estruturas de custo, mensagens e assim por diante, para completar o quebra-cabeça que sustenta qualquer ideia. E como Michael Dell, presidente e fundador da Dell, afirmou: “ideias são mercadoria, mas a execução delas não é”.

E o que é Agile?

O método ágil é, em seu núcleo, uma maneira de trabalhar, caracterizada pela entrega frequente e incremental de produtos, reavaliação e adaptação de planos em andamento.

Uma vez que você tem uma boa ideia do que está levando para o mercado e do modelo de negócio subjacente, pode-se começar a fornecer os conjuntos de recursos propostos, evitando envolver os clientes o tempo todo para que não sejam feitas entregas em excesso.

Um clássico estudo de caso do livro de Jeff Sutherland, Scrum, conta a história de um desenvolvedor ágil que assinou um contrato de 20 meses no valor de US$ 10 milhões para entregar um software a uma grande construtora que poderia encerrar o negócio a qualquer momento e pagar apenas 20% do valor remanescente do contrato.

O desenvolvedor ágil começou a trabalhar, concentrando-se em recursos de alto valor primeiro. Depois de apenas três meses e US$ 1,5 milhão faturado, a construtora rescindiu o contrato porque recebeu o valor principal que desejava.

Eles pagaram os 20% restantes (US$ 1,7 milhão) de um total de US$ 3,2 milhões do contrato de US$ 10 milhões. O desenvolvedor também ganhou — sua margem de lucro subiu de uma previsão de 15% no contrato original para 60% e eles agora tinham 17 meses livres para fazer ofertas para o mercado, lucrar e entregar outros trabalhos da mesma maneira.

Isso contradiz as definições tradicionais de requisitos que veem as equipes presas a scripts de características, indiferentes ao valor incremental do produto (ou da falta dele) que os recursos entregáveis realmente fornecem.

Concentre-se nos resultados

Para simplificar, o design thinking nos ajuda a ter ideias melhores, a startup enxuta nos guia para transformar essas ideias em modelos de negócios que funcionam e o método ágil nos auxilia a entregar o produto ao mercado de forma rápida e incremental para obter feedback contínuo, adaptar e oferecer precisamente o que o cliente quer.

Combinando o design thinking, lean startup e o método ágil, é muito mais provável que você não apenas tenha ideias melhores, mas torne essas ideias rentáveis ​​e as entregue de uma forma que crie valor imediato para os clientes, não resultando em explosões de custos e cronogramas — sinônimo de inovação em grandes empresas — e dar aos seus funcionários a oportunidade de participar de um trabalho mais recompensador e gratificante.

Este último ponto é fundamental. Todos esses métodos envolvem as pessoas usuárias em um ciclo de feedback frequente para que se possa medir seu progresso e se adaptar, de forma a maximizar o valor de criação do produto.

Isso está em desacordo com o antigo modo em que apenas depois de passar meses ou anos a fio planejando excessivamente (como é o caso dos projetos de transformação digital — que, a propósito, falham 90% do tempo) se parte para a ação de fato.

Esse método se passa sem sentimento de realização ou conclusão até o final do projeto, em que, muitas vezes — por causa da falta de feedback e por aderir de forma inabalável a um script — as coisas desandam. Ninguém quer passar meses ou anos para entregar algo que não crie impacto nem agregue valor.

Essas ferramentas não só ajudam a organização a criar produtos melhores, mas a liberar o potencial do seu pessoal para criar mais impacto e para que levem vidas mais gratificantes.

Com a permanência dos funcionários ficando mais curta na maioria das organizações e tendo o engajamento deles como prioridade, as empresas podem começar a experimentar essas abordagens não apenas para o desenvolvimento do produto, mas também como forma de trabalho.


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