A inteligência emocional é uma das habilidades mais importantes para o mercado de trabalho do futuro.
Saber lidar com as próprias emoções e com as emoções de outras pessoas não é importante apenas na vida pessoal. Aplicar a inteligência emocional no trabalho tem sido uma das habilidades mais procuradas pelas empresas, principalmente em tempos de valorização das soft skills — ou habilidades pessoais.
Você já incluiu essa competência como alvo no seu desenvolvimento?
Alcançar suas metas, ter motivação para encarar um novo projeto, saber gerar engajamento no seu time, liderar pessoas para um mesmo objetivo e até manter o equilíbrio durante o trabalho remoto: todos esses aspectos da sua vida profissional podem ser impactados pela inteligência emocional.
Neste artigo, vamos compartilhar com você tudo sobre esse conceito, a partir das ideias desenvolvidas pelo psicólogo e jornalista Daniel Goleman em seus livros “Inteligência emocional” e “Trabalhando com inteligência emocional”. Confira e descubra como você desenvolver essa habilidade!
Para Daniel Goleman, jornalista e psicólogo considerado o “pai da inteligência emocional”, esse conceito se refere ao conjunto de aptidões emocionais baseadas em cinco pilares:
conhecer as próprias emoções;
lidar com as emoções;
se automotivar;
reconhecer emoções em outras pessoas;
lidar com relacionamentos interpessoais.
De acordo com o relatório Future of Jobs, do The World Economic Forum (WEF), a inteligência emocional é uma das habilidades mais importantes para o mercado de trabalho do futuro, onde as soft skills serão ainda mais relevantes para diferenciar e destacar profissionais.
Uma pessoa com inteligência emocional, segundo Daniel Goleman, apresenta algumas capacidades como:
criar motivações para si e persistir em um objetivo apesar dos desafios;
controlar impulsos e saber aguardar pela satisfação de seus desejos;
se manter em bom estado de espírito e impedir que a ansiedade interfira na capacidade de raciocinar;
ter empatia e autoconfiança.
No ambiente de trabalho, independentemente da empresa ou área de atuação, precisamos tomar decisões, conviver com outras pessoas e solucionar problemas, certo?
Muitas vezes, essas ações acontecem no calor do momento e acabamos usando apenas as nossas emoções para nos guiar, sem nem mesmo nos darmos conta das nossas motivações e sentimentos.
No entanto, pessoas com inteligência emocional conseguem passar por esses processos de forma muito mais positiva, reconhecendo as emoções experimentadas em cada situação e sabendo gerenciá-las para que não afetem o trabalho e/ou a relação com outras pessoas negativamente.
Em 1998, Goleman fez uma afirmação que corresponde perfeitamente ao cenário atual e às perspectivas para o futuro do trabalho:
"Em uma época sem garantias de estabilidade no emprego, em que o próprio conceito de "emprego" está sendo rapidamente substituído por "habilidades portáteis", essas são as qualidades primordiais que nos tornam e nos mantêm empregáveis."
Mas é importante não associar a inteligência emocional à habilidade de ignorar os sentimentos ou simplesmente não sentir emoções, principalmente as consideradas negativas, como raiva, tristeza ou medo.
Ser uma pessoa inteligente emocionalmente é, na verdade, o contrário disso; é saber que as emoções aparecem, mas conseguir identificá-las para, então, escolher a melhor resposta para cada estímulo.
Segundo Daniel Goleman em seu livro "Trabalhando com a inteligência emocional":
"A análise que fiz de milhares de empregos revelou que a competência emocional corresponde, de forma geral, a cerca de dois terços dos ingredientes do desempenho de um profissional de ponta. No entanto, no caso de líderes destacados, as competências emocionais — ao contrário das dicas técnicas ou cognitivas — correspondem a algo entre 80% a 100% das que são apontadas pelas próprias companhias como cruciais para o êxito."
Vamos dar alguns exemplos de situações comuns no ambiente de trabalho em que a inteligência emocional é extremamente necessária e pode ajudar a evitar conflitos, melhorar a sua produtividade e potencializar os resultados. Confira!
Ao enfrentar situações novas, desafiadoras ou até mesmo conflitantes, evite reagir imediatamente ou decidir de forma impulsiva.
Saber se afastar nesses momentos para refletir e digerir as emoções ajuda a enxergar a situação com mais clareza, o que possibilita uma decisão racional e efetiva.
Principalmente no caso de discussões entre a equipe ou com clientes, por exemplo, esse afastamento pode ser crucial para a resolução do problema pacificamente e sem prejudicar a sua carreira por uma ação da qual você se arrependerá depois.
Ter inteligência emocional também afeta a maneira como nos comunicamos com as pessoas.
Por isso, é importante prestar atenção em como você se expressa no ambiente de trabalho para não gerar desentendimentos, alcançar os resultados desejados e criar um clima agradável e harmonioso entre a equipe.
Priorize a clareza ao comunicar as suas ideias e pensamentos, e seja transparente em relação ao que você sente, mesmo em situações de frustração.
Essa honestidade e empatia na comunicação ajuda a construir um ambiente mais saudável, focado no crescimento individual e coletivo, e com abertura para a manifestação de opiniões divergentes e dúvidas.
Como falamos antes, desenvolver a inteligência emocional no ambiente de trabalho não significa aprender a não sentir emoções negativas. O mais importante nesse processo é compreender o que causa essas sensações.
Por isso, reflita sobre situações em que você não se sente bem no trabalho ou comportamentos de colegas que desencadeiam sentimentos negativos. Depois, observe quais emoções apareceram em cada um desses momentos, com que frequência elas surgem e como você lida com cada uma delas.
Esse exercício de auto-observação é importante para entender os seus padrões e não apenas saber como pode aprimorar o seu comportamento nas próximas vezes, mas também aprender a respeitar os seus limites.
É difícil ter inteligência emocional no trabalho sem exercitar constantemente a empatia e a habilidade de escutar ativamente o que está sendo dito.
Essa habilidade de se colocar no lugar das outras pessoas, ouvir sem julgar e se disponibilizar a acolher diferentes pontos de vista é fundamental para quem quer se desenvolver na vida profissional, criar relações genuínas e possibilitar a troca de experiências e o aprendizado mútuo no ambiente de trabalho.
Nesse sentido, também é importante aprender a receber feedback, inclusive negativo, de maneira compreensiva e sem levar para o lado pessoal.
Principalmente em situações profissionais, é essencial saber fazer essa distinção para não se deixar tomar por sentimentos ruins e desmotivadores, o que pode afetar o seu desempenho e prejudicar os resultados do seu trabalho.
Aplicar a inteligência emocional no trabalho também significa acolher a mudança e saber se adaptar. No mercado atual, é difícil encontrar uma empresa que não esteja constantemente passando por transformações, adotando novas tecnologias e testando processos.
Por isso, prepare-se para encarar essas mudanças de forma positiva, com resiliência e criatividade. Compreender que imprevistos e desvios no caminho acontecem é melhor que brigar com essas mudanças e gastar a sua energia tentando manter algo que não faz mais sentido para o trabalho.
Ao exercitar a flexibilidade e aplicá-la no ambiente profissional, você, a equipe e a empresa só têm a ganhar.
Você ganha ao reduzir o estresse; já a equipe e a empresa se beneficiam por contarem com pessoas capazes de gerenciar suas emoções e buscar soluções inovadoras para os diversos cenários possíveis.
...
Não podemos mais dizer que aplicar a inteligência emocional no trabalho é uma habilidade extra, que conta somente como um diferencial. Essa habilidade tem se transformado num requisito para a maioria das vagas, nos mais variados contextos, culturas organizacionais e tipos de trabalho.
Afinal, apenas as habilidades técnicas — sem a inteligência emocional para saber se relacionar com as outras pessoas, gerenciar as emoções e se adaptar — já não são mais suficientes para quem quer se destacar profissionalmente e ter sucesso na carreira.
A boa notícia é que, ainda citando Goleman:
“Ao contrário do QI, que pouco se modifica depois dos nossos anos de adolescência, tudo indica que a inteligência emocional pode ser, em grande parte, aprendida e continuar a se desenvolver no transcorrer da vida, com as experiências que acumulamos. Nossa competência em relação à inteligência emocional cresce continuamente.“
Ou seja, se você sente que ainda tem um longo caminho a percorrer até desenvolver a tão desejada inteligência emocional no trabalho, saiba que é totalmente possível fazer isso independentemente do momento em que você se encontra.
Que tal continuar pensando na sua evolução pessoal e profissional? Leia em nosso outro artigo sobre Autodesenvolvimento, como colocar em prática?