Confira um panorama completo sobre transformação digital no Brasil e entenda como e porque tudo tem mudado tão rápido no cenário corporativo.
“Tudo o que se vê não é igual ao que a gente viu há um segundo…”
Essa música do Lulu Santos poderia ser o tema da transformação digital. O que afoga algumas empresas e traz outras à tona, oferece mergulhos profundos e permite a aventura de surfar em novos mares é exatamente uma onda de inovação, impulsionada pelas novas tecnologias.
Acredite, ela é constante, avassaladora e irreversível. Seus efeitos são renovados e multiplicados em segundos, incorporando o futuro direto ao nosso cotidiano.
A transformação digital pode até parecer um pesadelo para alguns, enquanto leva marcas como Apple, Google, Amazon e Microsoft escalarem rapidamente. A evolução acelerada do “Brand Value” dessas empresas fica evidente na animação onde algumas marcas nem apareciam entre as 15 Top no ano 2000.
Mesmo que sua empresa não tenha nada a ver com tecnologia, a transformação digital já está impactando o seu mercado, quem sabe atraindo seus clientes para alguma plataforma digital.
Lembre-se: não tem como ficar imune à disrupção.
Pense como a Amazon está revolucionando o varejo com os planos de expansão da loja física Amazon Go, onde tudo é resolvido com ajuda de um aplicativo.
O “The Global State of Digital in 2019 Report”, do Hootsuite, revela o impacto da transformação digital. Veja como o dinheiro está conectado às atividades dos consumidores no Brasil:
61% usam mobile banking
38% usam meios de pagamento mobile
45% realizam compras online utilizando o mobile
Se a transformação digital já é tão evidente, por que algumas empresas não conseguem incorporar as mudanças necessárias para se adaptar a essa realidade irreversível?
Talvez a resposta esteja no fato de que as gigantes do mercado não têm agilidade para correr em um momento que exige atitudes inovadoras. Como alterar estruturas rígidas e pesadas para os novos modelos de gestão?
Mais grave ainda: as equipes atuais não estão preparadas para tantos desafios, nem as pessoas estão capacitadas, embora muitas pensem que estão.
Esse movimento requer aprendizado constante, humildade para recomeçar, aprender a desaprender e reaprender. Vencer o gap de conhecimento que atinge as corporações e os profissionais em todos os níveis e atividades.
Entender e aplicar as novas metodologias de trabalho para enfrentar esse contexto que vem mostrando sinais inequívocos há tanto tempo. Embora ainda pareça tão surpreendente para alguns.
Com as novas demandas novos postos são criados, enquanto outros são descontinuados. A tecnologia ainda não substituiu tantas tarefas humanas como o fará em um futuro muito próximo.
Mas seu impacto permeia tudo, da gestão ao desenvolvimento de produtos, do marketing ao social selling, do relacionamento com os clientes aos novos hábitos de consumo.
Segundo o Business Insider a Inteligência Artificial estará intermediando esse relacionamento: o Gartner projeta que mais de 85% das interações com clientes serão gerenciadas sem um ser humano até 2020 e espera-se que os chatbots sejam os principais aplicativos de consumo de IA nos próximos três anos, de acordo com a TechEmergence.
A tecnologia altera os hábitos de consumo, mas também traz novas e animadoras possibilidades de oferecer experiências relevantes. Para atender a tantas demandas, surgem áreas essenciais para potencializar resultados.
Data Science, User Experience, Growth Marketing, Product Leadership não são apenas novos termos, são novas profissões em novos modelos de trabalho. Tudo gira em uma velocidade assombrosa e empresas sólidas não mais se mantêm com processos inadequados para enfrentar as mudanças exponenciais.
As startups passaram a ser a fonte de inspiração das lideranças nas grandes corporações. Elas querem entender como funcionam os times em squads e as metodologias ágeis de gestão, desenvolvimento de produtos e melhorias de processos como o Scrum, Lean Startup e Kanban.
Essas ferramentas são onipresentes nas startups que viraram unicórnios ou se consolidaram como os gigantes da tecnologia. É tudo ao mesmo tempo agora e as pessoas precisam aprender como trabalhar nesse novo modelo.
A Movile, líder em marketplaces móveis, é um case inspirador. O grupo é formado por empresas como iFood, Sympla, PlayKids, Superplayer, Wavy, Rapiddo, Mercadoni, Maplink e Zoop que impactam mais de 150 milhões de usuários mensalmente. Seu crescimento está apoiado nos principais pilares da transformação digital e ela consegue sustentar cada um deles com excelência:
Tecnologia no core business, trazendo inovação através de apps;
Pessoas empoderadas para levar ótimos produtos a outras tantas pessoas;
Processos pautados na boa experiência do cliente, mantendo a agilidade e espaço para a equipe arriscar, errar e aprender.
Somos continuamente impactados pela complexa evolução das tecnologias, com ecossistemas digitais onipresentes.
Uma transformação que traz mudanças profundas para pessoas, enquanto consumidores e profissionais e para as empresas, como desenvolvedoras de novos produtos e experiências, até mesmo das novas tecnologias.
O desafio para os profissionais é identificar desafios e oportunidades e preparar-se para lidar com eles. Para as empresas o caminho é investir nas suas capacidades de gestão e em novas metodologias, preparando os líderes e a força de trabalho para a economia digital.
Não se trata mais de planejar o futuro, a questão é de sobrevivência imediata. Ou os dinossauros corporativos viram robôs ou serão extintos pelo tsunami digital.
O Fórum Econômico Mundial estima que o valor econômico da transformação digital para empresas e para a sociedade ultrapassará US$ 100 trilhões ao ano em 2025. Mas enquanto essa onda avança por todos os mercados, ainda está longe de ser realidade no Brasil.
Na Pesquisa patrocinada pela Dell Technologies os entrevistados apontaram iniciativas que visam superar as barreiras para adotar a transformação digital:
67% usam a tecnologia digital para acelerar o desenvolvimento de novos produtos e serviços;
53% adotam o desenvolvimento ágil;
70% se esforçam para desenvolver as habilidades necessárias para a força de trabalho;
63% compartilham conhecimento entre as funções.
“Por que a transformação digital está virando prioritária? Porque ela está mudando a forma como vivemos, trabalhamos e conduzimos os negócios. As oportunidades são ilimitadas, mas as empresas precisam se mover.” Luis Gonçalves, vice-presidente sênior da Dell EMC Brasil
Esse movimento exige pessoas preparadas para lidar com os recursos das novas tecnologias, atuando em um mercado continuamente alterado por elas.
Não por acaso uma das características mais buscadas nos profissionais é a facilidade de se adaptar às mudanças constantes e o interesse pelo aprendizado permanente.
A pesquisa Re:Trabalho, inédita no Brasil e realizada em parceria com a Época Negócios e a Scoop, traz algumas revelações sobre o futuro do trabalho e o impacto da tecnologia nas pessoas e organizações e na relação das pessoas com o trabalho.
Aponta ainda as competências mais valorizadas nos profissionais do futuro e como as empresas estão mudando a forma de trabalhar para atrair e reter talentos.
O sentimento geral sobre a chegada da tecnologia no trabalho é otimista, com índices acima de 80% sobre os cenários positivos proporcionados pela transformação digital. Apesar dessa expectativa, nem todos estão se preparando efetivamente.
O pior é que os profissionais se acham preparados, quando na realidade não estão: entre os profissionais que declararam possuir competências digitais, 12% não conheciam as competências técnicas listadas e 30% revelaram não possuir nenhuma delas.
Essa revolução no mundo do trabalho exige uma mudança radical de mindset. A começar pelo reconhecimento de que a maioria de nós não está realmente preparada e precisa buscar as capacitações exigidas pelo novo contexto.
Ou seja: existe um Skill Gap a ser urgentemente resolvido. O fluxo constante de upgrade tecnológico exige um esforço constante de aprendizado. Entre um e outro encontramos o Skill Gap, a lacuna de habilidades entre o que os empregadores esperam e precisam que seus funcionários sejam capazes de fazer e o que eles sabem realmente realizar.
“Todos falam em ser digitais. Mas não basta criar uma estratégia para isso. É preciso olhar para o negócio por uma perspectiva digital para descobrir onde a tecnologia pode fazer a diferença.” David Cotteleer, vice-presidente da Harley-Davidson
Foi com esse olhar que os líderes do Magazine Luiza transformaram essa empresa do varejo tradicional em uma plataforma digital. O investimento na transformação digital envolveu incentivo aos colaboradores a se digitalizarem e a criação do Luizalabs que desenvolve aplicativos e faz a gestão de Big Data.
A recente compra da startup de tecnologia Softbox marca o novo ciclo de transformação do Magazine Luiza com um ecossistema de empresas, baseado em tecnologia, dados e processos digitais. A valorização das ações no Ibovespa reflete os resultados positivos de todas as iniciativas.
Esse exemplo mostra que não basta imitar os modelos de trabalho das startups, ou investir em apenas uma das vertentes do digital.
A empresa precisa se mobilizar como um todo, das lideranças aos colaboradores, envolver os clientes, atrair talentos, treinar pessoas e muitas vezes incorporar mais tecnologia, trazendo equipes de fora para acelerar os processos de transformação digital.
O impacto da transformação digital no Brasil é transversal a todos os mercados e setores e nenhum profissional ou empresário está imune aos seus efeitos. Ou você aprende a surfar nessa onda ou será engolido por ela. Mas não pense que é só pegar a sua prancha e sai curtindo a aventura.
O contexto exige aprendizado contínuo, o Lifelong Learning em todos os níveis das organizações, das lideranças aos vendedores, do RH ao desenvolvimento de produtos, das redes sociais ao atendimento ao cliente.
O Future of Jobs Report, apontou as tendências para o futuro do trabalho entre 2018 e 2022. O que temos:
Novas tarefas impulsionam a demanda por novas habilidades: Entre as habilidades com crescente demanda estão competências relacionadas à tecnologia, como pensamento analítico, aprendizado ativo e design tecnológico.
Todos precisarão se tornar eternos aprendizes: Em 2022, todos os empregados precisarão de uma média de 101 dias de aprendizado e aperfeiçoamento pessoal por ano.
Tendências que podem impulsionar seu próximo produto, serviço, campanha, experiência, plataforma, modelo de negócios e muito mais.
Novas e desafiadoras oportunidades surgem o tempo todo. O que você aprende hoje talvez não sirva amanhã. Ou você adquire novas competências ou não se encaixa mais nas necessidades das empresas.
Cabe aos líderes de negócios adotar e promover essa cultura nas suas equipes. Compete a cada um entender esse momento de transição para renovar suas expectativas profissionais. O desafio da transformação digital no Brasil é imenso, mas ele nunca será maior que a nossa capacidade de aprender e reaprender infinitas vezes.
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Quer continuar aprendendo e refletindo sobre os impactos da transformação digital no mercado de trabalho? Então leia também nosso artigo sobre Data Literacy e a importância da alfabetização de dados.