Muito se fala sobre Design Thinking, mas poucos realmente dominam o que torna essa abordagem tão poderosa: suas etapas.
Entender cada uma delas, da descoberta ao teste, é o que separa quem só repete buzzwords de quem realmente sabe resolver problemas com empatia, método e criatividade.
Neste guia, vamos mergulhar nas cinco etapas do Design Thinking, com explicações claras e exemplos aplicáveis ao seu dia a dia.
Aqui você vai encontrar:
O Design Thinking é amplamente citado em contextos de inovação, mas ainda é mal compreendido. Muita gente associa o processo a brainstormings e post-its coloridos, sem se aprofundar no que realmente importa: as etapas que estruturam essa abordagem.
Quando você entende de verdade cada fase (e não só os nomes), sua forma de enxergar e resolver problemas muda. Você passa a agir com mais clareza, empatia e intenção. Isso faz diferença real, especialmente para quem está no início da carreira ou em transição para áreas digitais.
As etapas do Design Thinking são cinco:
Essas etapas funcionam como um guia para lidar com problemas ambíguos, algo comum no dia a dia de quem trabalha com produto, UX, dados, estratégia e tecnologia. E o melhor: o processo não é linear. Você pode (e deve) voltar, revisar, iterar.
Mais do que criar algo “inovador”, o Design Thinking te ajuda a resolver problemas reais, com impacto prático. Seja melhorando um fluxo de atendimento, resolvendo ruídos entre equipes ou estruturando um projeto de portfólio, as etapas servem como base para criar soluções mais humanas e eficazes.
Nos próximos tópicos, vamos explorar cada etapa de forma prática, profunda e aplicável.
Essa é, sem dúvida, uma das etapas mais subestimadas por quem está começando. Muitas vezes, a ansiedade em chegar logo a uma solução faz com que a investigação seja apressada, rasa ou até ignorada. Mas é justamente na imersão que o Design Thinking mostra sua essência: colocar as pessoas no centro e mergulhar no problema antes de tentar resolvê-lo.
A descoberta é o momento de abrir o olhar. De sair das suposições e buscar uma compreensão profunda da situação, do contexto e, principalmente, das pessoas envolvidas. Aqui, você está construindo repertório, ampliando sua empatia e criando as bases para tudo que virá nas próximas etapas.
Não é só sobre levantar dados, mas sobre criar conexões com as pessoas envolvidas no problema, entender como elas pensam, o que sentem, o que valorizam e o que realmente precisam.
Imagine que você decidiu investigar um problema comum entre seus amigos e colegas: a frustração em conseguir agendar consultas médicas online. Você ouviu relatos como:
Nessa fase, seu objetivo não é ainda resolver nada, mas sim entender a fundo o que está acontecendo.
Você pode:
Ao final dessa investigação, você terá muito mais clareza sobre o problema real: será que é a interface do sistema? A comunicação? A falta de integração com clínicas? A ansiedade do paciente?
Essa clareza é o que vai dar profundidade às próximas etapas.
Depois de mergulhar na realidade das pessoas envolvidas, ouvir histórias, levantar dados e observar comportamentos, chega o momento de fazer sentido de tudo isso. A etapa de definição é onde você transforma informações soltas em um desafio claro, humano e inspirador para ser resolvido.
É aqui que você para, respira e pensa:
“Diante de tudo que entendi, qual é o verdadeiro problema a ser resolvido?”
Essa transição entre descoberta e definição é essencial. Se você pular ou fizer essa etapa de forma rasa, corre o risco de resolver o problema errado, ou cair em soluções genéricas que não impactam ninguém de verdade.
Após sua imersão, você percebeu padrões nas falas das pessoas entrevistadas. Elas não reclamam apenas da tecnologia em si, mas de incertezas que surgem no processo. Por exemplo:
Com isso, você pode sintetizar um ponto de vista mais claro:
“Pessoas que usam plataformas de agendamento digital se sentem inseguras e frustradas porque não recebem confirmações claras e nem instruções confiáveis sobre a consulta que agendaram.”
A partir disso, você pode criar uma pergunta “How Might We”:
Como podemos tornar o processo de agendamento médico digital mais transparente e confiável para os pacientes?
Essa pergunta é estratégica: não traz uma solução pronta, mas delimita o desafio de forma clara, centrada no usuário e aberta à criatividade.
Quando você formula bem o problema, as ideias certas começam a surgir quase naturalmente. Você tem um norte. Um critério para avaliar se uma ideia é boa ou não. E mais: você ganha argumento para defender suas decisões.
Depois de entender profundamente o problema e traduzi-lo em uma pergunta clara e inspiradora, chegamos à etapa da ideação, o momento de gerar o máximo de ideias possível, com liberdade criativa, sem julgamentos prematuros, e com foco em resolver o problema real identificado.
Mas atenção: idear não é “pensar em qualquer coisa”. E também não é esperar que a solução perfeita caia do céu. A ideação é uma atividade estratégica, que mistura criatividade com método. Ela exige abertura, colaboração e a capacidade de se libertar das primeiras ideias óbvias para encontrar possibilidades verdadeiramente inovadoras.
Voltando ao nosso exemplo: você definiu que o problema é a falta de clareza e confiança no processo de agendamento digital. Agora, na ideação, você vai reunir ideias que possam resolver isso.
Algumas ideias possíveis poderiam ser:
Perceba: nenhuma dessas ideias é julgada neste momento. A ideia é criar um ambiente seguro para pensar com liberdade, até que se encontrem caminhos promissores.
É comum, especialmente para quem está começando, cair na armadilha de querer ter uma solução “redonda” logo na ideação. Mas essa não é a hora de pensar nos detalhes técnicos ou no layout final. Ideação é sobre possibilidades, não sobre execução.
Evite:
O que você quer aqui é variedade. Quanto mais ideias você gera, mais chances tem de encontrar combinações criativas e soluções fora do padrão.
Depois de gerar ideias relevantes e alinhadas ao problema, é hora de dar forma a essas ideias. A prototipagem é o momento de transformar conceitos em algo palpável, visual, interativo, mesmo que ainda esteja longe da versão final.
E aqui vem um ponto essencial: prototipar não é entregar algo perfeito. É construir o suficiente para aprender.
Essa é uma das mentalidades mais poderosas (e libertadoras) do Design Thinking: você não precisa, e nem deve, esperar ter um produto pronto para começar a validar uma solução. Prototipar é uma forma de pensar com as mãos. É um exercício de experimentação, não de acabamento.
Os protótipos podem ter vários formatos, dependendo do tipo de solução:
Digamos que, entre as ideias geradas, você escolheu testar uma página de confirmação mais clara e humanizada, que surge após o agendamento e traz todas as informações essenciais da consulta (data, local, orientações e documentos necessários).
Você pode prototipar isso de forma simples:
Mesmo sem um sistema real funcionando, o protótipo já permite que você observe como as pessoas reagem à proposta. Elas entendem a informação? Se sentem mais seguras? Sugerem melhorias?
Um erro comum de quem está começando é achar que o protótipo precisa impressionar visualmente. Mas o foco da prototipagem não é estética, é validação de ideia.
O que importa é:
Se sim, missão cumprida.
Depois de prototipar suas ideias e dar forma ao que você imaginou, chega a hora de colocar tudo à prova com usuários reais. Essa é a etapa dos testes, um momento de escuta ativa, observação atenta e, principalmente, humildade para aprender e iterar.
Muita gente encara o teste como um momento de validação. Mas essa visão é limitada. Testar não é provar que sua ideia está certa. Testar é descobrir o que funciona, o que confunde, o que precisa ser ajustado e o que você não tinha considerado antes.
É aqui que o Design Thinking mostra sua inteligência: a ideia não é acertar de primeira, mas errar rápido, barato e com aprendizado.
Você criou um protótipo da nova tela de confirmação pós-agendamento, com foco em tornar o processo mais claro e confiável. Agora é hora de testá-la.
Você pode:
Talvez você descubra que as pessoas esperavam um botão de confirmação por WhatsApp, ou que a linguagem usada ainda gera insegurança. Tudo isso é insumo valioso para evoluir a solução.
O que diferencia profissionais que usam Design Thinking com maturidade é a disposição para aprender com os testes e iterar com responsabilidade. Isso mostra compromisso com o impacto real da solução, e não só com “ter uma ideia legal”.
Testar também é um ótimo argumento em contextos profissionais:
Muita gente estuda Design Thinking pensando que só vai aplicar o processo completo quando estiver em um projeto específico, com tempo, time, e todos os rituais de inovação. Mas essa visão limita o verdadeiro potencial dessa abordagem.
A verdade é que as etapas do Design Thinking são ferramentas mentais, antes de tudo. Elas podem (e devem) ser aplicadas em situações do cotidiano, em qualquer fase da sua carreira, mesmo que você esteja em transição, estudando ou ainda buscando seu primeiro emprego.
O segredo está em entender o princípio por trás de cada etapa e aplicá-lo de forma estratégica.
Situações em que você já pode aplicar as etapas, mesmo sem “projeto oficial”
Em vez de inventar uma solução aleatória, use a abordagem de Design Thinking: descubra um problema real (imersão), defina um ponto de vista claro, gere ideias com intenção, prototipe algo testável e refine com base em feedback. Isso mostra maturidade e método, mesmo em um projeto pessoal.
Você pode estruturar suas respostas com base nas etapas. Ao contar como resolveu um problema, descreva brevemente como investigou o contexto (descoberta), como entendeu o desafio (definição), como pensou em soluções (ideação), o que criou (protótipo) e o que aprendeu (teste). Isso passa clareza, raciocínio estruturado e foco no usuário.
Em áreas como produto, dados, marketing, estratégia, ou até atendimento ao cliente, você pode usar os princípios do Design Thinking para:
Você pode aplicar o Design Thinking ao seu próprio aprendizado:
Pensar como um resolvedor de problemas, não só como um “executor de tarefas”
O mercado valoriza cada vez mais profissionais que sabem estruturar pensamento, trabalhar com ambiguidade e propor soluções relevantes. Usar as etapas do Design Thinking no dia a dia te ajuda a:
Mesmo que ninguém “te peça” para usar Design Thinking, você pode aplicar os princípios e transformar a forma como trabalha. E isso é um diferencial competitivo real.
Conhecer as etapas do Design Thinking não é sobre seguir um roteiro pronto. É sobre desenvolver uma nova forma de pensar, investigar e agir diante de problemas complexos. Quando você entende de verdade o que está por trás de cada fase, passa a criar soluções mais humanas, mais inteligentes e mais relevantes.
Mais do que uma metodologia, é uma mentalidade. E ela pode te acompanhar em qualquer fase da sua carreira.