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Como saber em que fase seu produto está: o papel das métricas no ciclo de vida

Escrito por Redação Tera | 7 Oct

Uma das perguntas mais difíceis (e fundamentais) em produto é: como saber em que fase meu produto está? Não existe resposta intuitiva. O que responde a essa pergunta são as métricas. Como costuma se dizer: "tudo que é metrificado é gerenciável; o que não é metrificado, é ingerenciável."

Produtos digitais evoluem em ciclos: começam pequenos, ganham tração, amadurecem e, eventualmente, podem entrar em declínio. Entender em que momento você está permite ajustar o foco da sua equipe de produto e tomar decisões mais inteligentes.

O tema deste post nasce a partir de uma aula do Murylo Schulttais, atualmente Senior Product Manager na Disney, que trouxe reflexões valiosas sobre como interpretar por meio de métricas a fase em que seu produto está.

Aqui você vai encontrar:

O papel das métricas

Um produto vive na interseção de negócio, experiência do cliente e tecnologia. Por isso, suas métricas também precisam refletir essas três dimensões:

  • Métricas de negócio – aquisição de usuários, custo de aquisição (CAC), receita, churn.
  • Métricas de experiência (cliente) – retenção, Net Promoter Score (NPS), engajamento, satisfação.
  • Métricas de tecnologia (produto) – bugs abertos, estabilidade, tempo de resposta, uptime.

Esses três blocos se complementam. Se a aquisição de usuários cresce mas a retenção cai, você está inflando o funil sem vedar os vazamentos. Se a tecnologia não sustenta a experiência, o NPS vai cair. O segredo é olhar para os três agrupamentos juntos e entender como eles se comportam em cada fase do ciclo de vida do produto.

Quais são as quatro fases do ciclo de vida do produto

1. Introdução

No começo, o produto ainda é uma aposta. Você tem poucos usuários e, portanto, poucas métricas confiáveis.

O foco principal aqui é retenção: não muitas pessoas usando pouco, mas poucas pessoas usando muito.

Desafios

  • Entender a interação dos usuários: com base em pesquisa qualitativa, já que os números ainda não dizem muito.
  • Mapear benefícios percebidos: conversar diretamente com usuários para identificar o que eles estão realmente ganhando.

Pergunta-chave

👉 Como resolver as dores dos primeiros usuários da melhor maneira possível?

Exemplo prático: uma edtech que lança sua primeira turma não deve mirar 10 mil alunos logo de cara. Precisa garantir que os primeiros 50 tenham uma experiência impecável, para aprender com profundidade e construir um produto escalável.

2. Crescimento

Com retenção validada, chega a hora de crescer. É nesse momento que começam a aparecer correlações e causalidades: você consegue identificar, por exemplo, que quando o onboarding é mais rápido, a taxa de conversão melhora.

O foco passa a ser entender o que atrai mais usuários e replicar isso.

Desafios

  • Diferenciar causalidade de correlação: nem todo padrão nos dados significa causa.
  • Testar hipóteses continuamente: novos experimentos de aquisição e engajamento.
  • Sustentar o crescimento: reforçar o que já está funcionando, sem dispersar esforços.

Pergunta-chave

👉 Quais são as principais iniciativas para alavancar o uso do produto?

Exemplo prático: um app de delivery descobre que usuários que recebem cupom na primeira semana têm maior LTV. O próximo passo é replicar e testar variações desse incentivo em escala.

3. Maturidade

Com o crescimento estabilizado, chegamos à fase de maturidade. Aqui as métricas estão mais previsíveis, e você já entende bem as variações e correlações.

O grande desafio passa a ser vedar os vazamentos do funil: descobrir onde os usuários estão saindo e garantir que quem entra continue até o final.

Desafios

  • Visão analítica profunda: dados estáveis permitem análises detalhadas, e a equipe precisa explorar isso ao máximo.
  • Simplificação do produto: cortar complexidade desnecessária para manter a proposta de valor clara.
  • Melhoria contínua: ainda há espaço para experimentos, mas mais voltados a eficiência do que a validação.

Pergunta-chave

👉 Como simplificar o produto sem perder relevância de mercado?

Exemplo prático: plataformas como o Airbnb, já maduras, constantemente revisam features. Muitas vezes tiram funcionalidades pouco usadas para reduzir fricção e preservar o core da experiência.

4. Declínio

Nenhum produto cresce para sempre. No declínio, as métricas começam a cair de forma consistente: custo de aquisição sobe, receita diminui, churn aumenta, NPS cai. O funil fica cada vez mais furado.

O foco passa a ser entender a causa da perda de relevância e buscar alternativas para reverter.

Desafios

  • Descobrir o que tornou o produto irrelevante: investigar por que a proposta de valor deixou de fazer sentido.
  • Identificar novas oportunidades: repensar funcionalidades, canais, até mesmo modelo de negócio.
  • Testar novas apostas rapidamente: validar hipóteses para retomar relevância.

Pergunta-chave

👉 Como mitigar riscos em novas apostas para sair do declínio?

Exemplo prático: o Orkut perdeu relevância quando o Facebook surgiu oferecendo proposta de valor mais clara. O desafio aqui seria identificar rapidamente essa mudança e tentar reposicionar o produto.

Conclusão

O recado principal é simples, mas poderoso: quem diz em que fase seu produto está são as métricas.

E essas métricas devem sempre ser vistas em três blocos: negócio, cliente e tecnologia, mudando de peso conforme a fase do ciclo de vida.

Saber em que momento seu produto está não é um exercício de intuição, mas de análise. Mais importante ainda: é isso que garante que você ajuste sua estratégia, foque nos desafios certos e prepare as próximas apostas com menor risco.