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6 tendências de UX Design para 2021 | Digital Trends

Escrito por Redação Tera | 26 Nov

Diana Fournier do PicPay, Fillip Bayer, da Boa Vista, Nath Yamauti da NY|UX  e Karina Tronkos do Nina Talks falam das tendências de UX Design para 2021.

Photo by ThisisEngineering RAEng on Unsplash

O termo ‘experiência de pessoas usuárias’ está cada vez mais em alta, assim como a carreira de user experience designer, que pensa e desenha essas experiências de valor. As tendências de UX Design para 2021 mostram que profissionais desse setor precisam se preparar para transformações tanto no âmbito tecnológico quanto no relacionado aos comportamentos do público analisado.

Neste texto, você vai descobrir 6 tendências de UX para 2021, segundo a visão dos experts Diana Fournier, coordenadora de Pesquisa com o usuário no PicPay, Fillip Bayer, Design Manager na Boa Vista, Nath Yamauti, UX Designer e Founder na NY|UX e Karina Tronkos, Product Designer na Hurb e Content Creator no Nina Talks.

Boa leitura.

1. Inteligência artificial aplicada a User Experience Research

O ano de 2020 foi desafiador para user experience designers, afinal, esses profissionais estavam habituados a realizar pesquisas com pessoas usuárias de forma presencial e essa prática se tornou impossível com o isolamento. O cenário de pandemia obrigou a adaptação e impulsionou o uso de inteligência artificial como uma aliada dos time de UX Research.

Para Diana Fournier, que coordena o time de pesquisas no PicPay, essa é uma tendência de UX Design que vai continuar em 2021. 

“Inteligência artificial em si não é mais uma tendência, mas o uso dela é muito mais voltado para a área de produto. Diversos produtos usam machine learning, mas como a gente pode usar isso para pesquisa? Se a gente está precisando de mais fontes, mais base de dados para tomar decisões estratégicas além da pesquisa, a gente tem utilizado inteligência artificial.”

Para fazer essa união funcionar e garantir achados mais robustos, Diana explica que é importante usar os dados coletados com inteligência artificial como a boca do funil. 

“Pesquisa em UX é um funil, então você começa com muitos dados e vai afunilando até  encontrar coisas específicas comportamentais que vão gerar os insights. A gente começou a utilizar os dados coletados com IA como primeira etapa. Então tudo que a gente aprender com as modelagens de inteligência artificial sobre comportamento do usuário, quais são os clusters, pegamos isso e estamos fazendo projeto de discovery em cima de IA. Nesse processo, diversas perguntas nós não precisamos fazer porque já tínhamos entendido com IA.”

Karina Tronkos complementa, mostrando que, em futuro próximo, poderemos aproveitar recursos de inteligência artificial para otimizar diversos processos relacionados à pesquisa.

“A gente consegue ainda acoplar IA em testes de usabilidade, fazendo reconhecimento facial das emoções das pessoas e, com isso, ter insights. Também podemos usar para transcrição de entrevistas, evitando o tempo que a gente fica dividindo por clusters e tagueando. As máquinas vão poder ajudar nesse tipo de coisa, porque a entrevista é muito sobre pessoas entendendo sobre pessoas e a gente pode usar IA para tomar decisões melhores.”

Mais uma dica é não ignorar as diversas possibilidades que a inteligência artificial pode oferecer para atuantes em UX Research, mesmo após o fim da pandemia. Principalmente em empresas que já contam com uma área voltada para IA que possa dar suporte, o uso de tecnologia inteligente vai favorecer inclusive a atualização das personas no futuro, tornando esse processo automatizado.

2. Times multidisciplinares de pesquisa holística

Mais uma das tendências de UX Design para 2021, segundo Diana Fournier, é que se formem times multidisciplinares de pesquisa nas empresas. Atualmente, é comum que a pesquisa em UX seja voltada para a etapa de validação, no entanto, fazer pesquisas com visão holística é estratégico para uma compreensão ampla do negócio e das pessoas usuárias.

“Vejo como uma tendência que a pesquisa de validação fique cada vez mais com o time de Product Management, já que eles estão próximos da solução, enquanto a parte de pesquisa fique mais com as transversais e holísticas, entendendo que é o usuário, quem está no mercado, quais são as dores das pessoas.”

Dessa forma, o time de Research não abrange apenas user experience designers, mas também profissionais de data science e pesquisadores de mercado, por exemplo. No PicPay, esse time integrado já conta com 10 pessoas e tem dado resultados positivos.

“Fizemos esse time único de pesquisa, para que exista uma única fonte de dados sobre usuários para informar quem toma decisões estratégicas, independente da área. Parece cliché mas na maioria das empresas isso ainda não acontece. Então, como fazer isso? Traga todo mundo que detém o conhecimento sobre o usuário para o time de research.”

3. Integração de Brand e Design 

Fillip Bayer, da Boa Vista, pontua como tendência para 2021 a aproximação dos times de Brand e Design nas empresas. Eles devem trabalhar juntos e “falar a mesma língua” para que a experiência de pessoas usuárias seja unificada.

“Por que falar a mesma língua? Às vezes as empresas entendem Brand e Design como duas coisas diferentes, mas uma analogia que eu faço é: se você tomar uma Coca-Cola zero e estiver ruim, quem você vai culpar, o produto ou a marca? Vão culpar a marca, porque ela está tão forte por trás que você esquece do produto. O que eu tenho visto como boa prática é as pessoas começando a entender que estar próximo tem feito diferença nas entregas finais, ou seja, como o produto está interagindo com os usuários.”

Bayer explica que essa relação pode acontecer de forma mais orgânica para produtos digitais como PicPay e iFood, mas ainda pode ser desafiador para marcas tradicionais.

“Quando eu começo a pegar marcas mais antigas, onde a área de branding é muito constituída dentro do time de marketing, a gente não vê essa relação tão próxima ainda. Nas grandes corporações, o time de branding é um time específico e o time de produtos digitais e de pesquisadores fazem trabalhos separados.”

A integração permite que haja um olhar na mesma direção, que perceba tanto a qualidade da interação com o produto quanto a criação do um ambiente de marca que gere valor.

“Assim a gente começa a criar produtos relevantes junto às marcas de forma estratégica. Não adianta a marca estar montando a estratégia para ir para um ponto e o time de produto estar indo para outro rumo. A gente precisa entender como fazer isso no dia a dia para casar essa conversa. Eu não posso soltar uma campanha sem que o produto esteja abastecido para soltar essa campanha. Eu vejo profissionais de design que tem abraçado essas ideias.”

4. designer fora do time de design

Ainda pensando em integração, Bayer aponta como tendência para UX Design em 2021 a participação de user experience designers em diferentes áreas das empresas. A atuação em times que não sejam de design ou de produto pode transformar as experiências das diferentes pessoas usuárias que estão vinculadas a um negócio.

“A pessoa UX designer vai fazer o papel de não apenas olhar o produto, mas o processo como um todo e se preocupar com esse ponto. Isso é uma versatilidade enorme da nossa experiência. O que eu posso fazer no time de tecnologia para melhorar os processos dele, ou na área financeira? O designer começa a tomar uma proporção muito maior na empresa, porque para de entregar só tela e começa a entregar números.”

Uma das áreas que já tem abraçado essa tendência é a de Recursos Humanos. Segundo Bayer, diversas vagas de UX Design no Brasil já são direcionadas para experiência de colaboradores.

“Muita gente não entende o que a pessoa designer vai desenhar. É processo, entender como isso vai acontecer para colaboradores. Como uma pessoa chega na empresa, como é o “dia 1” dela, como é o onboarding, como é a contratação, os primeiros 15 dias, o primeiro feedback.”

A tendência é de crescimento desses papéis em outros times, com uma performance que vai ajudar na compreensão da persona e no desenvolvimento de soluções.

“Teremos um  próximo ano de conquistas de novas áreas, vão começar a ver valor em determinadas áreas. Teremos times mais “parrudos” que começam a olhar processos de forma relevante para a empresa, com entregáveis relevantes.”

Para Karina Tronkos, é possível ir além e fazer com que profissionais de outras áreas desenvolvam visão sobre user experience e atuem em seus contextos.

“Acredito muito nessa interdisciplinaridade e vou até mais longe, achando que não necessariamente a pessoa precisa fazer uma transição de carreira para UX Designer - mas se quiser fazer, ótimo! Mas acredito que a gente precisa muito de pessoas que sejam "advogadas do usuário", que possam desenvolver produtos e serviços focados nas pessoas.”

5. Atenção à Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD)

A atenção às questões legais na pesquisa com usuários também entra como uma das tendências de UX Design para 2021. Nath Yamauti, da NY|UX, reforça sobre a necessidade de alinhamento com a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais, que regula as atividades de tratamento de dados pessoais e já está em vigor no Brasil desde setembro de 2020.

“A LGPD não vai afetar apenas varejo e jurídico da empresa. Se você trabalha com user experience design, isso começa a ter interferência direta no que a gente faz, principalmente em pesquisa. A gente começa a ter que conversar com pessoas do jurídico e entender os dados que a gente está colhendo quando a gente vai investigar.”

Um aspecto que passa a ser essencial nesse processo é o consentimento entre as partes. Além disso, se torna obrigatório que profissionais de pesquisa em UX Design saibam de antemão quais dados vão ser coletados e quais serão compartilhados para, assim, comunicar às pessoas usuárias antes do termo de aceite ser assinado.

“A gente está falando sobre tratamento de dados: é tudo que a gente vai pegar de dados pessoais, dados sensíveis que tenham a ver com produção, com recepção, classificação, utilização, divulgação e processamento. Na prática, a gente precisa ter cuidado de, quando a gente for falar do indivíduo ou da análise que a gente fez , se a gente está permitindo que essa pessoa esteja sendo identificada de alguma maneira na entrega e no processamento de pesquisa. Isso não pode acontecer nem no geral e nem no cluster de pesquisa - que afunila ainda mais e torna ainda mais perceptível quem é a pessoa.” 

Mais do que tendência, a atenção à LGPD em UX Design passa a ser um código que vai reger nosso comportamento pessoal e profissional.

6. Criação de um mercado de UX mais possível para todas e todos

Nath Yamauti traz ainda a discussão de como podemos ter um mercado de UX Design mais diverso, inclusivo e acessível em 2021. Precisamos partir para ações efetivas que criem um ambiente favorável para que mais pessoas entrem no mercado

“Está na hora de sair do discurso e fazer ser possível. É uma questão de pessoas pretas, pessoas periféricas, pessoas que pensam ‘será que eu tenho que ser rico para fazer um curso de UX e ter a educação que eu preciso? Será que eu posso levar isso para a periferia e outros contextos?’ Eu falo: se tiver gente e tiver problema, por que não?”

Mais do que ter atenção a essas questões, Yamauti explica que precisamos identificar qual é nosso papel nisso e como podemos construir pontes entre o mercado e grupos diversos.

“O autor alemão Marc Stickdorn questionou: se UX Design fosse de fato focado nas pessoas, será que ainda existiria fome e guerra no mundo? Será que a gente ainda estaria discutindo questões de sustentabilidade? Isso é um convite de reflexão. A gente precisa fazer uma série de reparações históricas e sociais e nós, como user experience designers, estamos mais do que capacitados.”

A mudança na forma como usamos tecnologia para gerar contato entre pessoas durante a pandemia desperta para as possibilidades de construir essas pontes e chegar a outros lugares. Karina Tronkos fortalece a ideia de que precisamos levar o conhecimento para outros espaços.

“Se a gente teve essa grande oportunidade de ter acesso à informações e estar trabalhando com isso hoje, o mínimo que a gente pode fazer é compartilhar com as outras pessoas, mostrar que é possível, ensinar. Às vezes a gente acha que não tem o que ensinar, mas precisamos aproveitar essas ferramentas que a gente tem hoje para chegar em lugar que a gente nunca chegaria antes.”

Vamos partir para a ação? Nath Yamauti deixa algumas sugestões para profissionais de User Experience Design participarem dessa transformação em 2021.

“Para quem já está consolidado na área, vamos juntos, conversando, fazendo mentorias, por exemplo. Vamos ver o que a gente pode fazer para construir um UX mais possível, que integre a maior quantidade de gente para que elas consigam, no efeito multiplicador, atuar também nos seus lugares. É nisso que eu gosto de acreditar, que a gente pode fazer isso acontecer.”

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As tendências de UX Design para 2021 levam em consideração o perfil da pessoa usuária pós-pandemia: elas estão mais experientes no uso de produtos digitais e mais exigentes em relação às experiências que buscam. Se preparar com uma visão mais humanizada é essencial para performar bem como user experience design em 2021.

Este conteúdo é resultado das conversas que tivemos na Digital Trends 2021. Quer conferir o papo completo? Acesse nosso canal no YouTube e aproveite para se inscrever e ficar por dentro de outros eventos.