Data Product Manager: o papel que comunica dados e produtos
Saiba mais sobre Data Product Manager e confira as percepções de Graziele Martins Oliveira, que ocupa o cargo na Nestlé.Fotos: Helena Yoshioka
Para quem se interessa pelo universo de produtos digitais, novas possibilidades de atuação têm ganhado espaço no mercado. Entre elas, a função de Data Product Manager (DPM) certamente chama atenção. Por mais que PMs sejam comuns em times de produto, a adição do termo "data", referente a dados, traz confusão para algumas pessoas.
Que dados são essenciais para o trabalho de produto nos dias de hoje, não há realmente nenhuma dúvida. O ponto aqui é como isso vai impactar a atuação de product managers e em qual nível de expertise em dados a pessoa Data Product Manager se diferencia - tanto de PMs quanto de data scientists.
Para entender mais sobre o assunto, conversamos com Graziele Martins Oliveira, Data Product Manager na Nestlé e uma das experts presentes na Digital Product Week 2021. Ela conta um pouco mais sobre a profissão, as rotinas de trabalho e o perfil profissional de quem ocupa esse cargo. Acompanhe a seguir!
Data Product Management: uma novidade nos times de produto?
Se falamos da posição de Product Manager, certamente quem já está no mercado há algum tempo consegue ter uma ideia concreta sobre o que se trata. Agora, se adicionamos "Data" ("Dados") na frente deste cargo, estamos falando de outra coisa. Mas, na prática, será que muda tanto em relação ao trabalho de PM tradicional?
Se analisarmos de um ponto de vista mais amplo, dados são parte essencial das atividades de desenvolvimento de produtos. Esse material traz percepções de usuários sobre soluções, mostram as dores que essas pessoas têm e indicam o que o mercado precisa entregar para satisfazer quem consome produtos.
A partir disso, não é difícil entender que PMs precisam ter uma base conceitual de dados. Seja da perspectiva analítica, seja no uso de ferramentas, a alfabetização em dados faz toda diferença. Mais do que isso, é uma necessidade entendida como fundamental para Product Managers.
A capacidade de unir skills de diferentes origens, sejam elas mais técnicas, sejam comportamentais, é uma necessidade cada vez mais urgente a PMs. Graziele Martins Oliveira, DPM na Nestlé, reforça que a bagagem é também um componente essencial das qualificações que DPMs precisam ter para serem agentes de destaque.
“É uma junção de carreiras. É uma junção de experiências de profissionais que fez com que o cargo surgisse por necessidade” – Graziele Martins Oliveira, Data Product Manager na Nestlé
Essa necessidade que impulsiona a importância de posição de DPM, no entanto, não está condicionada a uma questão exclusivamente hierárquica. Graziele reforça que, ao menos em sua experiência de mercado, o posicionamento dos cargos é totalmente circular. Ou seja, DPMs, Product Owners e várias outras posições se encontram em torno do produto. Isso tudo, sempre com uma metodologia de trabalho complementar, em que posições dependem uma das entregas das outras.
Soft skills nunca foram tão importantes
As várias habilidades que Data Product Managers precisam saber aliar e aplicar na liderança de times de produtos incluem também soft skills. Na verdade, essas características mais pessoais e comportamentais nunca foram tão valorizadas como atualmente. O assunto é tão relevante que, recentemente, o The World Economic Forum (WEF) listou as 15 soft skills do futuro do trabalho.
Portanto, aqui podemos bater o martelo quanto a uma questão: quanto mais habilidades comportamentais você tiver, mais qualificação terá para buscar seu espaço como Data Product Manager. Essa versatilidade vai qualificar pessoas para ocuparem essa posição nos mais diferentes contextos de times de produto.
Um ótimo exemplo para ilustrar esse foco em soft skills é o de Graziele. Ao compartilhar suas visões no mercado, ela trouxe seu próprio case para reforçar a importância de soft skills. No caso dela, sua contratação foi impulsionada graças às suas habilidades de comunicação, uma vez que é formada em Jornalismo.
Em sua carreira, Graziele trabalhou anos no setor de marketing, com foco em growth, ou seja, tinha grande habilidade também com números, métricas e, de modo geral, dados. Então, ela foi uma profissional capaz de unir a habilidade em dados, essencial para o cargo, com uma exigência específica que a Nestlé precisava no momento, que era justamente a capacidade de comunicação potencializada.
“Meu papel como DPM é entender a dor do negócio e junto com o time técnico, entender como dados ajudam a responder a essas dores, oferecendo produtos digitais cada vez melhores à empresa”
A partir desse caso da Graziele, fica mais fácil perceber que cada empresa terá sua necessidade específica, o que é muito interessante aos profissionais. Então, desde que você tenha habilidade com dados, com um histórico relevante neste campo, seu background e soft skills serão aproveitados de maneira muito única por uma possível empresa contratante.
Contextos distintos demandam capacidades específicas
Uma característica muito importante que precisamos associar a DPM é que se trata de uma posição relativamente nova. Seu surgimento foi algo natural e conduzido, basicamente, pela necessidade de ter alguém em posição estratégica que fosse capaz de combinar uma série de capacidades. Essas exigências, no entanto, vão de acordo com cada empresa.
Não há um perfil padrão que será seguido por todas as empresas rigorosamente. É claro que quem lidera uma equipe de produto precisa ter algumas características. Mais importante ainda é a capacidade de lidar com dados. No entanto, times de produtos podem ter características muito distintas, de acordo com a empresa.
Essa variação é simplesmente uma questão mercadológica. Ou seja, tudo depende de quais soluções a empresa entrega e, naturalmente, qual é o público consumidor ao qual atende. Esses detalhes vão influenciar as soluções entregues, as dores do público e, consequentemente, as necessidades no cotidiano de desenvolvimento.
Por isso, os diferentes contextos de trabalho vão colocar qualidades, experiências passadas e características pessoais com distintos níveis de importância. Isso se torna um fator extremamente positivo, já que dá à posição de Data Product manager a capacidade de ser mais democrática.
“ Em geral, carreiras nas áreas de tecnologia e dados são bastante democráticas. Tudo depende de onde você vai trabalhar, da necessidade da empresa/time e do background do profissional. E para mim, essa é a beleza dessa área. Estamos o tempo todo buscando inovar e pensar fora da caixa, e isso só é possível com profissionais com formações diversas e multidisciplinares."
Qual é o perfil da pessoa Data Product Manager?
Uma pessoa Data Product Manager pode ter backgrounds distintos, especializações únicas, mas sua importância em times de trabalho é construída por algumas habilidades. Essas soft skills essenciais vão garantir que quem ocupe essa posição seja realmente capaz de entregar os resultados necessários e conectar pessoas.
A multidisciplinaridade é praticamente uma exigência central. A partir disso, as diferentes habilidades vão se convergir a favor da construção de uma pessoa com capacidades de excelência e que pode, de fato, ocupar a posição de DPM. Graziele sugere algumas características que ajudam a formar esse perfil. Acompanhe a seguir!
Comunicação
A comunicação não pode ser uma habilidade subestimada dentro de times de produto, justamente por poder fazer uma grande diferença. Afinal, a troca de ideias, informações, dados e percepções é simplesmente constante. Isso é ainda mais forte quando estamos falando de times que trabalham nos moldes de metodologias ágeis.
Sem a comunicação adequada, oral e escrita, a tendência é que se perca força nessa rotina de trabalho. Portanto, é de grande importância que DPMs sejam capazes de estruturar métodos e processos de comunicação eficientes. Isso ajuda a melhorar o relacionamento, acelerar solicitações e melhorar o clima na equipe de produto.
Resiliência
A resiliência está ligada à capacidade de absorver responsabilidades e cobranças, garantindo que isso seja transformado em resultados. Sem dúvidas, Data Product Managers têm um papel centralizador, em que estão em meio a outros profissionais e, quase sempre, precisam agir conectando esses diferentes lados do time de produto.
Ou seja, a resiliência aqui significa paciência, capacidade de encarar problemas com foco em solução, reduzir ruídos e saber passar por tudo sempre se regenerando. Isso tudo, é claro, sem deixar de exercer liderança.
Pensamento crítico e analítico
DPMs precisam ter percepção apurada em relação a tudo que enxergam, principalmente no que diz respeito ao consumidor. É que toda atividade de interação, intenção de rejeição e movimento de aceitação significam algo maior. Se isso não é compreendido de maneira mais profunda, o trabalho não chega ao seu melhor nível possível.
Portanto, profissionais de product manager com foco em dados precisam aprofundar mais suas análises e exercer pensamento crítico e analítico em relação a todas as percepções que têm. É assim que essas pessoas entenderão contextos de negócios e a relação desses cenários com consumidores, suas dores e como avaliam as soluções. Do contrário, não conseguirão ter interferência estratégica no time de produto.
Habilidade de facilitação
A facilitação é sobre criar pontos e conectar pessoas. Quem atua como Data Product Manager tem o conhecimento baseado em dados para captar percepções e, a partir disso, precisa proporcionar a entrega dessas informações a pessoas. Por vezes, o trabalho também vai se basear em conectar essas áreas do negócio, mas sempre com embasamento comprovado.
Facilitar é, de maneira geral, um papel que líderes precisam ter à frente de suas equipes. Isso se torna ainda mais importante em uma área de trabalho na qual a metodologia ágil é a base, ou seja, há comunicação constante e informações vão de um lado para o outro o tempo todo.
Metodologia ágeis
Apesar de atuar em posição de liderança, DPMs precisam entender mais a fundo o que é metodologia ágil e o que ela vai exigir daquelas pessoas que estão na equipe. Portanto, por mais que essa liderança não coloque a mão na massa de maneira operacional, é fundamental entender o contexto de trabalho de pessoas que são lideradas.
De certo modo, é até mesmo uma habilidade que vai conferir mais respeito a quem está no time de produto. É que, se há o entendimento, as exigências, cobranças e solicitações são feitas com maior adequação à realidade do trabalho. Isso ajuda a criar mais conexão com membros do time, além de um entendimento potencializado da rotina.
Habilidade de negociação
Quem ocupa a posição de Data Product Manager negocia o tempo todo. Isso é parte integrante da rotina, uma vez que essas pessoas são verdadeiras pontes entre áreas do negócio, além de terem o papel de liderar membros do time.
Portanto, a habilidade de negociação se faz necessária para que nenhuma solicitação seja encarada de maneira inadequada. Logo, prazos, funcionalidades em produtos e qualquer outro detalhe pode ser pensado em conjunto com quem vai os executar. É dessa forma que se cria melhores conexões dentro de times de PM.
Compreensão do negócio
Cada negócio tem um produto, um público, atende a diferentes dores e está incluso dentro de um mercado específico. Esses muitos fatores vão demandar trabalho muito específico por parte de quem compõe o time de produto. Então, ter essa compreensão de acordo com a empresa é uma necessidade fundamental.
Quem deseja ocupar a posição de DPM precisa entender a empresa e seu contexto estratégico. Só assim, vai ser possível trabalhar de maneira alinhada aos objetivos e necessidades do negócio, o que garante alcançar os resultados que realmente vão interessar para aquela empresa e para seu consumidor/usuário.
Como se desenvolver como DPM?
Muitos POs já enxergam a posição de DPM como um futuro quase natural, o que é realmente uma ótima possibilidade. Mas, de acordo com o que vimos até aqui, há muitas outras possíveis origens para quem deseja chegar a Data Product Manager. Isso vai depender de desenvolvimento e foco em habilidades, experiência e conhecimentos mais específicos.
De maneira mais específica, focando em desenvolver uma lista de qualificações às quais você precisa dar maior atenção, essas são:
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Dados – Aqui, é algo um tanto quanto óbvio, mas precisamos reforçar. Você precisa ter uma base sólida em dados, de preferência, com experiência em análise, compreensão das bases de data science e outras importantes vertentes;
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Multidisciplinaridade – A multidisciplinaridade é praticamente uma exigência. Seu background pode ser bastante específico, mas é fundamental que, durante sua carreira, uma série de habilidades e competências diversas tenham sido desenvolvidas.
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Foco em habilidades do perfil – Essas habilidades que você viu listadas ao longo deste post são também essenciais. Analise a nossa lista, as exigências e entenda quais delas você ainda precisa desenvolver;
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Cases no seu background – Quem esteve presente em cases de sucesso realmente relevantes, atuando com um papel importante, também se qualifica para alcançar uma posição de DPM. Portanto, sempre saiba como informar qual foi sua participação desses cases, descrevendo o impacto de seu trabalho nesses resultados.
Independentemente se você já é product manager, atua em dados, ou está em outra área de atuação, como a comunicação, o importante mesmo é contemplar as bases essenciais: dados, produto e negócio. Além disso, buscar formação técnica com experts da área, como nos cursos Digital Product Leadership e Data Analytics Certificate será essencial.
Você pode se aprofundar mais em outras áreas do mercado digital e saber mais sobre as percepções de outros especialistas de diversos setores no Tera Trends. Acesse nossa página no Youtube e confira os conteúdos disponíveis gratuitamente!